PIRACATINGA É NOCIVA A BOTOS E SERES HUMANOS
Piracatinga pode até matar, alertam especialistas;
tratamento veta leite
Alto índice de mercúrio no peixe pode levar até a
morte, segundo os especialistas. Durante tratamento, consumo de derivados do
leite não é aconselhado.
Alimento considerado
saudável pelos nutricionistas, a carne de peixe é preferência no Amazonas. No
entanto, um dos representantes mais consumidos da espécie pode ser nocivo à
saúde. Em pauta por conta das campanhas contra a matança do boto vermelho, a
piracatinga não é apenas uma ameaça ao mamífero. A alta quantidade de mercúrio
em seu organismo faz com que o peixe também seja nocivo ao ser humano.
O barato que sai caro
Alguns nutricionistas
vetam o consumo da piracatinga, bastante consumida por ser vendida a um preço
mais baixo. “O peixe, em geral, é um alimento saudável. A piracatinga, contudo,
é carniceira, já que se alimenta de outros animais mortos. Por isso, tende a
concentrar níveis elevados de metais pesados e outros contaminantes, como o
mercúrio, e não deve ser consumida”, pondera a nutricionista do Hapvida, Raisa
Lima.
Raisa explica que esse
mercúrio pode atingir os órgãos de quem o ingere e levar à morte. Ela alerta
ainda os consumidores para a compra do chamado ‘filé de douradinho’. “Muitos
comerciantes vendem a piracatinga com esse nome. O consumidor deve ficar atento
à aparência e aos aspectos físicos do peixe, como os olhos - o brilho deles
sinaliza um alimento saudável”, detalha.
Para quem já conhece - e
gosta - da piracatinga, a nutricionista aponta outros alimentos que podem
substitui-lo na refeição. “Qualquer outro tipo de peixe, como o dourado. O
consumidor deve procurar um peixe que seja herbívoro e tenha a pele mais clara,
e não avermelhada. Outras opções são o tambaqui, o tucunaré e a sardinha”,
recomenda, acrescentando que a carne da piracatinga não é a única que pode
estar contaminada pelo mercúrio. “Também há um alerta para o salmão e o atum.
No caso deles, não há tanta restrição porque o metal é controlado e eles são
criados em cativeiro”, tranquiliza.
Contaminação
Em casos de intoxicação
alimentar pela ingestão da piracatinga, o paciente deve ficar atento aos
sintomas e procurar o atendimento médico o mais rápido possível. É o que afirma
o médico da Emergência do Hospital Adrianópolis do Hapvida, Fabiano Colares.
“Sobre a piracatinga, o malefício está no consumo do mercúrio, que é um metal
pesado. Os
sintomas são semelhantes
aos de qualquer outra intoxicação. A pessoa fica abatida e tem um quadro de
vômito e diarreia”, aponta.
Segundo o médico, os
sintomas da contaminação pelo consumo da piracatinga não têm nenhuma diferença
em intensidade para outros casos. “A dificuldade está justamente aí. Um caso
como esse pode apresentar sintomas que não melhoram com a medicação. Percebemos
que é uma infecção intestinal pelos sintomas. Mesmo assim, é complicado
determinar o que a causou, a não ser que o paciente informe o que comeu”,
acrescenta.
Tratamento
Ao receber o paciente, o
primeiro passo é cuidar da hidratação, de acordo com Colares. “Temos que
controlar principalmente o vômito, que representa perda de líquido e
eletrólitos”, esclarece. “Esse é geralmente o primeiro sintoma que aparece,
junto com a diarreia, e surge logo após o consumo do alimento, por isso é
importante que o paciente venha ao pronto socorro no momento em que se sentir
mal. Todo caso tem que ser tratado com seriedade”, completa.
Conforme o médico, o
tratamento dura de sete a 10 dias e pode ser feito em casa, sem a necessidade
de internação. “Após o paciente ser liberado, recomendamos que ele siga uma
dieta saudável durante esse período, o que significa ingerir pratos como sopa,
além de frutas. Pedimos que evitem cinco alimentos: leite, iogurte, queijo,
achocolatado e manteiga”, finaliza. Esses alimentos são mais pesados e podem
intensificar os sintomas da intoxicação.
Pesca proibida
Usada na pesca do boto
vermelho, a piracatinga é conhecida como “urubu d’água”, já que tem a função de
“limpar” os rios. Em decreto publicado no dia 21 de julho deste ano, os
ministérios da Pesca e Aquicultura e Meio Ambiente restringiram por cinco anos
a pesca do “urubu d’água” na Amazônia. A
partir de 1º de janeiro de 2015, fica proibida a pesca, retenção, bordo,
transbordo, desembarque, armazenamento, transporte, beneficiamento e
comercialização da piracatinga em todo o Brasil.
Fonte/Fotos:
g1.globo.com


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