HISTÓRIA: A ADESÃO DO PARÁ É ILUSTRE DESCONHECIDA PELA POPULAÇÃO
Data marca anexação do estado ao nascente Império,
após blefe de mercenário inglês
Todo paraense sabe que o
final de semana prolongado começa amanhã, mas poucos sabem o que transformou a
sexta-feira, 15 de agosto, em um feriado estadual. A data relembra a adesão do
Pará à Independência do Brasil, ato que esteve envolto em conflitos do início
ao fim e é descrito por historiadores como um momento crucial para Belém, que
até então gozava do status de metrópole portuguesa na Amazônia.
A professora da Faculdade
de História da Universidade federal do Pará (UFPA), Magda Ricci, acredita que
as pessoas desconhecem o fato histórico que origina muitos feriados por uma
falha no ensino. “Hoje, as escolas e entidades públicas não fazem mais uma
análise do significado das datas comemorativas. Até os desfiles cívicos ficaram
‘fora de moda’ após o fim da Ditadura”, explicou.
O ensino da História se
renovou e perdeu a visão ufanista do período militar. Além disso, não existe a
figura de um herói no movimento da adesão, já que vários nomes como os do
cônego Batista Campos, João Balbi, Felipe Patroni, dom Romualdo de Seixas e dom
Romualdo Coelho - hoje espalhados por logradouros do centro da capital - foram
atores dos fatos que marcaram o período.
Naquela época, o que hoje
conhecemos como Brasil era dividido em duas Capitanias: A província do Grão
Pará e Maranhão e a Província do Brasil. Os dois territórios faziam parte da
colônia Portuguesa, mas quase não havia comunicação entre eles. O Pará se
reportava diretamente a Portugal e pouco contato tinha com o resto do país.
O almirante John Pascoe
Grenfell, um mercenário inglês, foi contratado e enviado por Dom Pedro I para
informar - e forçar a adesão - de algumas colônias brasileiras. Apesar de suas
ordens não incluírem o Grão-Pará, Grenfell foi diligente e convenceu os
responsáveis pelo Estado a aceitar a adesão, graças a um blefe. Ele carregava
consigo uma carta que seria de Dom Pedro I. O documento comunicava que os
governantes do Pará deveriam se unir ao Brasil, caso contrário teriam os
territórios invadidos. A esquadra imperial estaria esperando onde hoje é localizado
o município de Salinópolis, pronta para bloquear o acesso ao porto da capital e
assim sufocar a economia, baseada nas exportações. Isso se deu no dia 11 de
agosto de 1823. Não havia esquadra alguma, mas temendo que a ameaça se
cumprisse, no mesmo dia, foi convocada uma assembleia no palácio Lauro Sodré,
sede administrativa na época. Acreditando na história de Grenfell, os
governantes preferiram aderir à Independência, sob a condição de que os postos
e cargos públicos fossem mantidos. A ata da adesão do Pará à independência do
Brasil foi assinada cinco dias depois, 16 de agosto. O documento faz parte do
acervo do Arquivo Público do Estado do Pará, porém, durante muitos anos esteve
perdido. Logo, a data adotada para o feriado foi o dia convencionado pela história:
15 de agosto.
Fonte/Foto:
O Liberal/UFPA

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