ABSOLVIDO NO MENSALÃO, PETISTA É CANDIDATO NO PA E ESPERA DECISÃO DO TSE
Embora diga concordar com
a Lei da Ficha Limpa, o ex-deputado federal Paulo Rocha (PT), que renunciou ao
mandato em 2005 para fugir da cassação após o escândalo do mensalão petista,
espera que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não aplique a lei no seu caso e
libere a sua candidatura ao Senado pelo Pará.
A lei, aprovada em 2010 e
aplicada pela primeira vez nas eleições de 2012, torna inelegível por oito anos
o candidato que abrir mão do mandato para evitar ser cassado.
No entanto, Rocha alega
que a sua renúncia se deu em 2005 -- portanto, antes de a lei entrar em vigor.
Ele argumenta ainda que, depois do episódio, já concorreu outras duas vezes, em
2006 e 2010, sendo eleito deputado federal em 2006.
"Fui elegível duas
vezes depois. Fui eleito deputado e cumpri os quatro anos de mandato. Em 2010,
concorri ao Senado e recebi 1,7 milhão de votos. Só não sou senador porque
fiquei em terceiro [naquelas eleições, estavam em disputa apenas duas
vagas]", disse em entrevista ao UOL.
O TRE-PA (Tribunal
Regional Eleitoral do Pará), no entanto, no final de julho, acolheu impugnação
movida pelo Ministério Público Eleitoral e um adversário de Rocha, Helenilson
Pontes, candidato ao Senado pelo PSD, e rejeitou o registro da sua candidatura,
enquadrando-o na Lei da Ficha Limpa. Rocha recorreu ao TSE e aguarda julgamento
do seu recurso.
"Se na época cumpri
todas as regras [para renunciar], por que a lei tem que retroagir?",
questionou. "Pela coerência, espero que a Justiça faça justiça."
Apesar de não considerar
justo virar "ficha-suja", Rocha diz concordar com o propósito da Lei
da Ficha Limpa. "A vontade do legislador foi corrigir essas distorções dos
candidatos. Concordo com a lei em si. Não tenho nenhum problema com a lei, mas
a Constituição diz que nenhuma lei pode ser aplicada para trás."
Na época em que as
denúncias do mensalão vieram à tona, Rocha era líder do PT na Câmara dos
Deputados. Ele foi acusado do crime de lavagem de dinheiro por ter recebido R$
820 mil do esquema, mas acabou absolvido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em
um empate entre os ministros (a lei prevê que, em caso de empate, o réu deve
ser favorecido).
Indagado sobre o
julgamento, Rocha respondeu que o dinheiro era para pagar dívidas de campanha e
nunca foi para a compra de apoio parlamentar no primeiro governo Lula
(2003-2006), conforme entendeu a maioria dos ministros.
"Não teve nada disso,
era dinheiro de campanha. Eu fui fundador do PT, líder do partido no governo
Lula. Acha que eu precisava de dinheiro por fora [para conseguir aprovar
projetos]?", indagou.
Diante da insistência da
reportagem para saber se tinha ficado satisfeito com o resultado do julgamento,
Rocha se alterou e partiu para o ataque. "Você não está sendo mais
repórter agora, está sendo inquisidora, não está mais sendo repórter. Nestes
últimos anos, esse é um assunto que já foi falado. Você está sendo
inquisidora."
Em seguida, a ligação
telefônica caiu e a reportagem não conseguiu mais falar com o ex-deputado.
Segundo pesquisa Ibope
divulgada em 16 de agosto, Rocha tem 16% das intenções de voto e segue
tecnicamente empatado com outros três candidatos: Mario Couto (PSDB), com 16%,
Duciomar Costa (PTB), com 14%, e Jefferson Lima (PP), com 13%. A margem de erro
é de três pontos para mais ou para menos.
Fonte/Foto:
Fernanda Calgaro, do UOL em Brasília/LulaMarques - Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário