RIO NEGRO: LONGA EMERGÊNCIA
Especialista afirma que processo de descida das águas
neste ano é um dos mais lentos. Rio se mantém na cota de emergência
O rio Negro está sofrendo
um dos processos de descida mais lentos dos últimos anos. A demora para baixar
e a manutenção do nível alto das águas por um período prolongado acima da cota
de emergência (29 metros) pode influenciar na próxima cheia e fazer com que
seja maior e, consequentemente, cause mais estragos em mais de dez bairros,
principalmente na orla da cidade.
A possibilidade existe,
segundo o encarregado do Serviço Hidrológico do Porto de Manaus, Valderino
Pereira da Silva (foto), mas é preciso observar o comportamento do rio com as
variações de níveis nas próximas semanas para indicar o processo com mais
propriedade.
De acordo com Valderino,
para que a cheia não influencie na seguinte, o rio Negro precisa de uma vazante
que registre a descida de 18 metros no período da cota mínima, entre os meses
de outubro e novembro. Ele ressaltou que, apesar da descida lenta, também
existe a possibilidade de o rio começar a baixar rapidamente em duas semanas.
“Contando com esse mês, temos quase quatro meses para o rio baixar. Isso é
tempo suficiente para o rio baixar 11 metros. Mas é preciso esperar o que diz a
natureza. A cada ano temos comportamento semelhante, mas com suas
particularidades”, explicou.
Exemplo semelhante ao
desse ano ocorreu em 2012 quando o rio demorou a descer e teve influência na
enchente do ano passado.
Desde o início do mês, o
rio Negro está oscilando entre descer um centímetro por dia e ficar parado,
quando o normal para o período é descer de 2 a 3 centímetros por dia, conforme
dados de anos anteriores.
Valderino destacou que o
ritmo de descida aumenta gradativamente a cada dia até chegar ao pico de 25 a
28 centímetros por dia, no mês de setembro.
No dia primeiro deste mês
a cota foi de 29,48 metros e ontem foi de 29,44 metros. Na mesma data mesma
data no ano passado, o Negro baixou 4 centímetros e a cota estava em 28,57
metros, sendo que a cota máxima foi 29,33 metros, o que releva uma diferença de
76 centímetros. Comparado a 2012, ano da
maior cheia em cem anos quando o rio atingiu 29,97 metros, o nível registrado
ontem está apenas três centímetros mais baixo que a mesma data naquele ano. No
mesmo dia em 2012, o rio baixou 1,37 metros. Em 2009, ano da segunda maior
enchente, o rio baixou na mesma data, 2 centímetros, sendo que a cota estava em
29,49 metros e teve máxima de 29,77 metros.
Em 112 anos de
monitoramento do rio, 76% do pico da enchente na capital ocorreu em junho, 19%
em julho e apenas 6% em maio. Este ano o rio encheu apenas 10,16 metros. Em
contrapartida, 43% tiveram o valor mínimo no mês de outubro, 35% em novembro,
10% nos meses de janeiro e dezembro e 1% nos meses de fevereiro e setembro.
O rio Negro passou o mês
de junho praticamente estável e chegou a 29,48 metros. Quando o rio Negro
entrou no processo de vazante, este mês, ficou parado pouco depois e voltou a
subir no dia 2. No terceiro dia deste mês, o Negro atingiu a cota máxima do mês
de 29,50 metros, nível mantido por seis dias, até baixar um centímetro. A cota
de 29,50 metros ultrapassou em um centímetro a previsão do Serviço Geológico do
Brasil (CPRM), que no primeiro de três alertas de cheia, indicou que a máxima
seria de 29,49 metros.
Fonte/Foto:
Florêncio Mesquita – ACRITICA.COM/Euzivaldo Queiroz
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