CIDADÃO AMAZONENSE TORCE PELO BRASIL, MAS SE FRUSTRA COM LEGADO

Arena Amazônia
Além da Seleção Brasileira, manauaras torcem também para que a Copa do Mundo traga para a cidade o legado prometido
O cidadão não está satisfeito com a herança da Copa do Mundo em Manaus.  O jornal A CRÍTICA ouviu a população, que demonstra decepção com a expectativa frustrada de melhorias urbanísticas na capital amazonense. O governador do Estado, José Melo, e o prefeito de Manaus, Artur Neto, apontam ganhos para a cidade, mas a maioria das pessoas esperava mais.
Para a dona de casa Francisca Costa, 56, “foi jogado fora um dinheirão” com a realização da Copa”. “Enquanto que as pessoas que precisam mesmo de ajuda não estão tendo, principalmente na área de saúde”, acrescenta. Opinião semelhante tem o montador Raimundo Damasceno, 46. Ele lembra que muitas obras, principalmente de mobilidade urbana, foram prometidas pelos políticos, em todas as esferas de poder.
“Os bairros estão abandonados. Fizeram só uma maquiagem nas ruas principais. Foi muito dinheiro investido, mas a gente não está vendo muita coisa. Esse tal de BRT disseram que iria resolver o problema do transporte público e até agora nada. E acredito que vai ficar por isso mesmo porque a Copa já começou. Monotrilho, transporte de qualidade vão ficar no papel”, diz Raimundo.
Ter fé e esperança de que obras de grande porte saiam do papel mesmo com o fim do evento. Assim pensa o militar Manuel Rodrigues, 42. “Pelo menos a Arena vai ficar. Falta saber como usar ela para o benefício da cidade. A reforma do porto nem saiu. A do aeroporto vai ficar para depois. Mas, a gente tem que ter fé”, ressalta.
Pessimista em relação à realização do evento, o taxista Charles Oliveira diz que o legado da Copa será dívidas. “Depois que acabar, o Amazonas vai estar endividado. O Brasil deu muita abertura para a Fifa lucrar. O que vai sobrar? Só o Brasil deu total isenção de impostos para a Fifa. Ao invés de construir mais hospitais, escolas, construíram estádios”, critica.
Principal obra
A Arena da Amazônia é apontada pelo locutor de rua Nazareno Silva, 32, como o grande legado da Copa, porque, segundo ele, o complexo vai fortalecer os campeonatos regionais de futebol. “Mas, o benefício social da Copa é só dos ricos. O pessoal de hotel de selva ganhou, por exemplo. Nós não lucramos, nem perdemos”, conclui.
A vendedora Liana de Castro, 43, ressalta a retirada dos camelôs das ruas do Centro como um ponto positivo das ações pré-Copa. “O que melhorou muito a circulação, mas foi só isso”, afirma. “Até acreditei que iria mudar, mas chega o dia e vemos que nada aconteceu. Ficamos decepcionados. Prometeram, prometeram e fizeram pouco. E gastaram muito pelo pouco que fizeram”, afirma.
Em números
Cinco anos  a  Prefeitura de Manaus, o Governo do Estado e o Governo Federal tiveram para preparar Manaus para a Copa do Mundo desde o anúncio da capital amazonense como uma das sub-sedes do evento esportivo em 31 de maio de 2009. Desde então, dois presidentes da república, três governadores e dois prefeitos se revezaram no poder.
Quatro Jogos  da primeira fase da Copa do Mundo de 2014 serão realizados em Manaus.  Ontem, estrearam a Arena Amazônia  na Copa as seleções da  Inglaterra e da Itália. No dia 18, entram em campo Camarões e Croácia. No dia 22, é a vez dos Estados Unidos e Portugal se enfrentarem. Honduras e Suíça fazem o último jogo da Copa em Manaus no dia 25.
Voz das ruas
O que fica como legado desta Copa para a cidade?

Raimunda de Souza - 33 anos, autônoma
“Hospital e monotrilho não foi feito. O que fizeram foi a Arena e eu não sei se vai trazer benefício para a população. O  transporte está  um caos”

José Maria correia - 69 anos, pintor de paredes
“Tem a Arena, as ruas que foram recapeadas. As pontes do São Jorge, que nunca foram reformadas e foram recuperadas. Estou achando ótimo”

Carlos Gleison Silva - 25 anos, vendedor Ambulante
“A Arena, que está bonita. Infelizmente, muita coisa não foi feita. Os turistas depois vão dizer se gostaram ou não, mas eles vão embora e nós que vamos ficar aqui”

Sammy Ribeiro -  39 anos, empresário
“As poucas obras que fizeram. O  estádio não vai servir para nada. Porto, monotrilho, BRT não saiu do papel. Não saiu antes da Copa, depois que não sai mesmo”

Liana de Castro - 43 anos, vendedora
“Nada de grande foi feito. O trânsito continua uma porcaria. Até hoje não saíram os projeto e provavelmente não vão sair mais.”

Izailda Maia - 62 anos, artesã
“Como brasileira,  acredito que muitas coisas vão melhorar com o que foi feito. Não vai ter prejuízo como algumas pessoas pensam. A Copa vai ser boa ”.

Fonte/Foto: Luciano Falbo – acrítica.uol.com.br/J. Renato Queiroz

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