FUTEBOL BRASIL AFORA: BARCO E MOTO AJUDAM PRINCESA A RODAR 16.600KM EM VIAGENS
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| Elenco do Princesa festeja vitória dentro de barco, no caminho de volta para Manacapuru |
Atual campeão amazonense encara viagens noturnas
("descontraídas", garante técnico) pelos rios e com torcedores
guiando as motos pelas estradas
A 84 km de Manaus, capital
do Amazonas, está o município de Manacapuru. Com cerca de 90 mil habitantes, a
cidade tem uma paixão: o Princesa do Solimões. Campeão amazonense de 2013 e
finalista da atual edição, o Tubarão é o time do estado em maior evidência no
cenário nacional. Nessa quinta-feira enfrentou o Santos na Vila Belmiro, pela
Copa do Brasil. Foi eliminado de sua primeira participação ao perder por 4 a 2
e somou quilometragem ao histórico da equipe, acostumada a ir para os jogos de
barco, moto, ônibus ou avião.
Somente neste primeiro
semestre, por disputar três competições simultaneamente, o time viajou o
suficiente para ir ao Japão. Foram cerca de 16.600km rodados, pelo Amazonas e o
resto do país, contra menos de 16 mil para chegar à terra do sol nascente
partindo de Manaus. Até agora, foram quatro municípios do interior do Amazonas,
três estados (Amapá, Pará e São Paulo) e o Distrito Federal. Para rodar tudo
isso, o Tubarão foge do padrão primeira divisão e se aventura pelo interior de
forma inusitada. Esqueça os meios de transporte comuns.
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| Time atravessa o Rio Solimões para ir e voltar de Manaquiri |
Barco? Não, voadeira. Para
chegar a Manaquiri (a 54 km de Manaus), por exemplo, o Princesa usa essa
embarcação (ilustrada na foto acima) movida a motor, com estrutura de casco e
alumínio, bastante comum na Amazônia. Você pensa: “Que dureza”. “Não, que
barato”, rebate o técnico Marquinhos Piter, que brinca com o meio de transporte
e diz que a viagem é muito mais alegre e divertida.
- É uma viagem muito boa,
muito descontraída. O município de Manacapuru, junto com o de Manaquiri, fez
essa parceria, e lá a gente é bem recebido. Dessa vez a gente fez um jogo
contra o Penarol lá e conseguiu a classificação (para a final do segundo turno
estadual). Na volta era só alegria, só felicidade. A gente pega a lancha e é
uma viagem descontraída, boa, tranquila. O povo lá do Manaquiri recebe a gente
muito bem - contou Piter, que comandou a equipe no título inédito do Amazonense
em 2013.
Mais saudoso, o diretor de
futebol Raphael Maddy lembra a trajetória do Princesa em outros tempos. Há três
anos, o Governo concluiu a Ponte Rio Negro, que liga Manaus a Iranduba e
Manacapuru. Antes disso, foram 23 anos de viagens semanais de balsa para as
partidas do Barezão. Em todos esses anos, o Tubarão não conquistou um título
estadual sequer.
- O Princesa viveu 23 anos
atravessando o rio para jogar. Foram 23 anos! Em todos os fins de semana
pegávamos a balsa para poder jogar, porque ainda não tínhamos a ponte que
atravessa o Rio Negro e liga a Manaus. Todos esses anos na história
profissional do clube foram assim, andando de balsa para chegar ao seu destino de
jogo. É uma jornada inesquecível, que faz parte da nossa história - relembrou
Maddy.
Segundo apuração do
GloboEsporte.com, alguns atletas do elenco têm pavor dos passeios noturnos. No
entanto, ninguém se acusou...
PELAS RUAS DE MANACAPURU
Se o time sofre pelas
águas do rio, os torcedores princesianos sofrem indo atrás. Em dias de jogo,
Manacapuru avermelha, e a festa na Cidade da Ciranda vira a noite. Ônibus?
Quando está em casa, o elenco usa uma espécie de moto-carroceria em algumas
ocasiões, sempre com torcedores na direção. E o técnico tem lá suas regalias:
possui seu motorista de moto particular. E o sorriso no rosto é com o gosto de
quem viaja de primeira classe. Quando precisa, entretanto, o time usa métodos
convencionais para viajar.
- Está no nosso sangue
essa intensidade, a paixão. Somos de município, cidade de interior. Quando vamos
para outro município, estamos na irmandade, num local onde sabemos que as
pessoas são muito parecidas conosco, com o nosso convívio e nossa vida no
interior. É assim mesmo, e somos felizes com isso. É identidade - justificou o
diretor de futebol, que integra a lista dos torcedores mais apaixonados.
Quem visita Manacapuru,
não importa para qual time torça, é contagiado pela paixão ao Princesa. A
overdose é tanta, que a cada esquina encontra-se uma bandeira. Ou uma parede
vermelha. Crianças, idosos, motoqueiros... Todo mundo veste a camisa e faz da
cidade inteira um caldeirão.
No improviso, na
descontração, com uma identidade admirável, e uma cidade inteira como torcida,
o time apresenta crescimento contínuo no cenário local e e começa a aparecer em
competições nacionais. Campeão do primeiro turno do estadual de 2014, o
Princesa disputa nos dias 18 e 24 de maio a final do Amazonense, contra o
Nacional. Eliminado da Copa do Brasil, espera agora o início da Série D.
Fonte/Fotos:
Isabella Pina - globoesporte.globo.com/Ozi Araújo




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