COMBUSTÍVEIS FICAM MAIS CAROS A PARTIR DE AMANHÃ NO PARÁ E EM MAIS OITO ESTADOS

O consumidor paraense vai ter que gastar um pouco mais a partir de amanhã, quando for ao posto de revenda de combustíveis para abastecer o carro – seja ele movido a gasolina, etanol (álcool) ou diesel. E não se trata, pelo menos por enquanto, de reajuste decretado pela Petrobras ou pela rede de distribuidoras. O aumento decorre de decisão tomada pelos governos de nove estados, entre eles o Pará, no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária, o Confaz.
Além do Pará, o aumento vai pesar no bolso dos consumidores também de Goiás, Amazonas, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e mais o Distrito Federal. A nova tabela de preços de referência dos combustíveis, que estabelece mudanças no preço médio ponderado ao consumidor final, foi divulgada pelo Confaz com validade a partir de 16 de abril de 2014. O preço de pauta dos combustíveis é fixado pelos governos estaduais para efeito de cálculo na cobrança do ICMS, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
Ao dar ontem a informação, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado do Pará, Ovídio Gasparetto, esclareceu que não é possível ainda saber o impacto do reajuste sobre os preços na bomba para o consumidor. Isso só vai acontecer, conforme frisou, a partir de amanhã, com a entrega dos primeiros carregamentos já com novos valores.
Nos preços de pauta, o maior reajuste, na ordem de 3,6%, foi para o etanol, enquanto o da gasolina ficou em torno de 1%. Numa faixa intermediária, o diesel foi reajustado em torno de 1,5%. Embora pequeno, o aumento do diesel sempre causa preocupação por causa do seu efeito inflacionário. Destacou Ovídio Gasparetto que qualquer variação no preço do diesel se propaga em efeito cascata no conjunto da economia, impactando os preços de praticamente todos os bens e serviços.
O presidente do Sindcombustíveis esclareceu que o reajuste maior do preço de pauta para o etanol se justifica pela entressafra da cana, circunstância agravada este ano pela seca que castiga as principais zonas produtoras do Sudeste do país. Acrescentou que, de forma pouco perceptível, as distribuidoras vêm aplicando pequenos aumentos nos preços do etanol. Esses acréscimos aplicados em conta-gotas, segundo Gasparetto, costumam acontecer todos os anos durante os meses de fevereiro, março e abril.

O empresário e dirigente sindical argumentou que, nos preços para o consumidor, os combustíveis deverão ser reajustados, no mínimo, pelos mesmos percentuais em que se deram os aumentos dos preços de referência.
PREÇOS
O mais provável, porém, é que eles avancem um pouco além disso, aproveitando-se as distribuidoras para fazer, também elas, um realinhamento de preços para adequação de custos. Gasparetto lembrou que a própria entrega dos combustíveis aos postos passará a ter um custo também maior, já que os carregamentos são feitos em carretas e caminhões movidos a diesel.
O que está fora de cogitação, conforme frisou, é a hipótese de os postos virem a absorver os custos do novo reajuste. E isso por uma razão bem simples. Um estudo realizado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) afirma que Belém é hoje, entre as 27 capitais brasileiras, a que opera com a pior margem de lucro. São apenas 23 centavos, valor bem abaixo da média nacional, de R$ 0,38, e menos da metade da margem de Palmas, no Tocantins, que, com R$ 0,56, opera com a maior margem de lucro do país.
A margem excessivamente baixa praticada pelo setor no Pará, se por um lado beneficia o consumidor, por outro projeta para o futuro um cenário pouco alentador, na avaliação de Ovídio Gasparetto. A continuar assim, ele previu que em breve a população poderá ser surpreendida pelo fechamento ou venda de postos de gasolina em todo o Estado.

Fonte/Foto: Diário do Pará/Bruno Carachesti

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