OBRA ROUBADA DE MUSEU DO PARÁ É RECUPERADA EM NOVA YORK
Livro em latim de 1628 foi uma das 60 obras roubadas
em 2008.
Diretor do Museu Emílio Goeldi recebeu a obra nesta
quarta-feira.
Uma obra rara do século
XVII roubada do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, e avaliada em cerca de
US$ 200 mil, foi devolvida para a instituição nesta quarta-feira (19) após ser
encontrada em Nova York, nos Estados Unidos. O comunicado de que a obra havia
sido encontrada em território estrangeiro foi feito ao Museu Goeldi pela
Polícia Federal Brasileira no último dia 11 de março.
A publicação é uma das
cerca de 60 edições que foram roubadas em 2008 da Coleção de Obras Raras da
Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna. De acordo com o Museu Emílio Goeldi,
o inquérito policial já havia sido encerrado, e foi reaberto graças a
descoberta do paradeiro da obra.
O livro em latim
"Rerum Medicarum Novae Hispaniae", de 1628, é de autoria do médico e
botânico espanhol Francisco Hernandez, um pioneiro no estudo da saúde. A
publicação foi encontrada por um livreiro que comprava obras raras e desconfiou
quando foi oferecida a publicação. O especialista da galeria Swan entrou em
contato com as autoridades brasileiras, que, então, tomaram medidas para
restituir o patrimônio ao Museu Goeldi.
O livro recuperado retrata
a flora mexicana, detalhando as plantas medicinais, e é resultado da Expedição
Espanhola de História Natural do Novo Mundo, que foi encomendada por Filipe II
da Espanha e realizada de 1570-1577, especialmente no México.
Importância de recuperar a
obra
Para o diretor do museu,
Nilson Gabas, o valor das obras está longe de ser monetário. "Não tem como
estimar o valor de recuperar uma obra como essa. Ela foi estimada em US$ 200
mil. Não tem como mensurar em quanto estão avaliadas todas as obras roubadas,
porque foram vários livros, muitos desses livros têm desenhos, que os
especialistas chamam de pranchas. Cada obra tem pelo menos 120 desenhos, e cada
um deles pode valer de 4 a 5 mil dólares. É um valor inestimável", afirma.
Gabas acredita que a obra
ajuda a resgatar a memória mundial. "É uma publicação que descreve a fauna
e flora do México, e isso foi escrito em meados do século XVII, são informações
preciosíssimas. Ela não é rara pela quantidade de exemplares no mundo, mas pelo
valor científico", pontua.
Os originais da expedição
ficaram guardados na Biblioteca El Ecorial da Espanha, que foi destruída em 17
julho de 1871 por um incêndio. Consequentemente todos os originais foram
perdidos. Felizmente, todo o material da expedição havia sido publicado no
"Rerum Medicarum Hispane Thesaurus", em 1826.
Preservação das obras
O diretor do museu explica
que, um mês antes do roubo de 2008, o museu já investia na melhoria da
segurança das obras. Uma sala cofre está em funcionamento desde 2009.
"Nesta sala, a pessoa não entra sem ser filmada e o curador da sala está
presente. Tomamos todos os cuidados. Estamos implementando um sistema para
digitalizar as obras raras. O manuseio físico das obras raras será eliminado. A
pessoa poderá consultar o arquivo digitalizado", explica Gabas.
De acordo com Astrogilda
Ribeiro, chefe da Coordenação de Informação e Documentação (CID) do Museu
Goeldi, a instituição tem cerca de três mil obras essenciais e raras
acondicionadas na sala cofre. Os usuários interessados em consultar o acervo
têm que preencher uma série de requisitos. “Identificar-se previamente ao
curador, e, ao ser aprovado seu pedido, preencher um formulário com dados
documentais”. Para manusear este tipo de obra, o visitante recebe luvas,
máscaras e recomendações de restrições a fotografar e filmar.
O livro foi a primeira
obra recuperada dentre as aproximadamente 60 roubadas em 2008. A partir dela, a
PF já tem suspeitos de envolvimento no roubo e a investigação será retomada.
"Após a reabertura do inquérito, a Polícia Federal pode chegar a outras
obras. E eu espero que outras publicações sejam recuperadas", conclui.
Roubo
Segundo o Museu Emílio
Goeldi, o furto foi descoberto no dia 17 de dezembro de 2008, durante um
treinamento para manuseio e curadoria das coleções. No dia seguinte foram
iniciadas as investigações do caso, comandadas por três delegados da Polícia
Federal.
Com a instauração de
inquérito policial, participaram servidores, funcionários, bolsistas e
terceirizados do Museu Goeldi. A instituição realizou uma sindicância interna e
notificou os órgãos competentes que atuam no combate ao comércio ilegal de
obras raras.
SAIBA MAIS> http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2014/03/obra-roubada-de-museu-do-para-e-recuperada-em-nova-york.html
Fonte/Foto: Natália
Mello, do G1 PA/Reprodução TV Liberal
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