HUMAITÁ-AM ESTÁ O RETRATO DO CAOS COM A CHEIA NO RIO MADEIRA
Município amazonense sofre com a cheia recorde do rio
Madeira, que deverá continuar subindo ate o fim do mês de abril. População teme
pelo desabastecimento e aumento de doenças
O Município de Humaitá (a
600 quilômetros de Manaus) vive um caos nunca antes visto em mais de cem anos
de monitoramento dos rios causado pela maior cheia da história do rio Madeira
que atingiu 25,25 metros. A cidade que tem 46 mil habitantes está com quase 40%
da sede submersa e 100% da área de várzea, onde moram 2 mil famílias alagada.
O município é o único do
Amazonas em Estado de Calamidade Pública, situação reconhecida pelo Governo
Federal. Oito dos 13 bairros foram inundados e a população sofre com apagões de
energia elétrica, falta combustível e até de alimentos, apesar do Subcomando de
Ações de Proteção e Defesa Civil do Amazonas (Subcomadec), enviar cestas
básicas diariamente.
Na sede de Humaitá a
situação é critica nos bairros Olaria, Centro, São Francisco e Nova Esperança.
Na várzea, nenhuma casa das 120 comunidades da área ficou imune a cheia.
Centenas de desabrigados, na várzea, estão morando em barcos e em pequenas
balsas utilizadas na extração de ouro, no projeto de extrativismo familiar do
município.
Os números de prejuízo no
comércio, infraestrutura da cidade e de doenças são alarmantes. A saúde pública
enfrenta um surto de dengue, virose e doenças de pele. Até sábado, foram
confirmadas 59 pessoas com dengue, uma com leptospirose (doença bacteriana que
afeta seres humanos e animais e que pode ser fatal), outra com suspeita da
mesma enfermidade, além de 600 pessoas com virose apresentando febre, diarreia,
vômito, entre outros sintomas.
O Hospital Regional de
Humaitá está cheio de pacientes. A demanda de pessoas doentes foi tanta que o
município precisou pedir ajudar da Marinha que está atendendo à população
ribeirinha no navio de assistência hospitalar Soares Meirelles.
Contundo, quem mais sofre
com as doenças trazidas pela cheia é a população ribeirinha que leva de seis a
oito horas de voadeira para chegar à sede do município. Como várias comunidades
estão isoladas, as pessoas não tem combustível suficiente para ir à sede, ficam
doentes nos abrigos improvisados em balsas de garimpo, sem saber o que esperar
do governo local.
De acordo a enfermeira
chefe do grupo de atendimento aos pacientes (Semsa Humaitá), Patrícia
Nascimento, a água que a população das comunidades da zona rural utiliza para o
consumo é o maior vetor de transmissão de doenças enfrentado em Humaitá. Todos
os 60 poços artesianos distribuídos ao longo de 200 quilômetros foram cobertos
pelo rio e contaminados. Os ribeiros estão consumindo água do próprio rio que
sofreu um aumento nas impurezas após invadir áreas onde nunca havia chegado.
Fonte/Fotos:
A Critica/J. Renato Queiroz



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