EM PARINTINS-AM, BISPO DOM GIULIANO REÚNE IMPRENSA E PEDE COMPROMISSO COM A VERDADE

Enfático, Dom Giuliano disse que membros da Igreja são livres para expressar sua opinião e/ou insatisfação a qualquer agente ou serviço público
O dia em que o bispo da Diocese, Dom Giuliano Frigeni, comemorou 15 anos de ordenação episcopal foi marcado por declarações veementes sobre liberdade de expressão e a política por parte do pastor católico, durante entrevista coletiva, na tarde da última quarta-feira, 19, na Rádio Alvorada de Parintins. O bispo falou sobre sua postura diante dos últimos fatos de Parintins, a política local, a postura da Diocese e a liberdade de imprensa.
Dom Giuliano, a Diocese e até a Rádio Alvorada, que faz parte da Diocese, foram citadas nas últimas semanas em rádios, blogs, sites e redes sociais, após a participação do bispo na primeira reunião do Movimento “Reage Parintins”, no dia 08 de março. As especulações foram em torno da participação ou não da Igreja Católica no Movimento que reivindica melhorias para a cidade de Parintins. O bispo chegou a ser vítima de pessoas que usaram as mídias para tentar ofender, denegrir e agredir a imagem dele.
O bispo respondeu todas as perguntas e foi enfático ao dizer que todos, inclusive os membros da Igreja, são livres, para expressar sua opinião e/ou insatisfação sobre qualquer agente ou serviço público de Parintins.
Reage Parintins e Postura da Igreja
Sobre o Movimento Reage Parintins, Dom Giuliano afirmou todos são livres para aderir ou não o Movimento. “A posição da Igreja é apostar na maturidade dos fiéis, dos religiosos, leigos, mas que sejam livres para criticar, para apoiar quem quer que seja, que trabalhem para o bem e quando verem que A, B ou C atrapalha o desenvolvimento da cidade que tenham o direito e o dever de criticar o fazer algo,” destacou.
Dom Giuliano justificou por que foi ao encontro do Movimento Reage Parintins no dia 08, e afirmou que não será o “cabeça” de nenhuma manifestação que é própria do cidadão. “Parece que estão esperando o bispo encabeçar um movimento, uma revolta, não. Fui à reunião pra escutar as dores, os gritos, e fui ao encontro disso, acho que um diálogo é importante. O bispo tem que ser educador, mas não substituir o papel de ninguém, nem o cidadão nem o prefeito”, disse. Dom Giuliano voltou a dizer que não gosta nem será instrumento de manipulação de ninguém e que é preciso discernir quem quer o bem de Parintins e quem tem interesses pessoais dentro dos últimos acontecimentos da cidade. 

O bispo lembrou que ninguém está no Movimento “forçado” ou “colocado” por alguém, todos são livres, assim também qualquer pessoa, leiga, religiosa, padres podem, como cidadãos, participar das reuniões, sem serem “obrigados” pela Igreja. Dessa forma, Dom Giuliano, disse que a posição da Igreja é dar liberdade aos seus para criticarem ou apoiarem a administração, mas que em primeiro lugar sempre deve estar o bem de Parintins. Sobre não ceder espaços para a realização das reuniões do Movimento, Dom Giuliano foi claro, acredita que um lugar que não seja atrelado a qualquer entidade política ou religiosa dará mais conforto e liberdade para que qualquer cidadão (católico, protestante, ateu, partidarista ou não) possa participar, se engajar e se expressar no Movimento.
O bispo lembrou as Mobilizações Nacionais em junho de 2013 que começaram nas redes sociais e culminaram em manifestações públicas em todas as regiões do país. Não havia partido, religião, entidade por trás dos movimentos, mas havia a vontade dos jovens. E mesmo assim, muitos movimentos foram usados por gente de má fé para depredação do espaço público e para interesses políticos. Ele afirma que é preciso ter cuidado com a caminhada dos movimentos. “Olho com atenção e cuidado esse Movimento e que se mantenha com o mesmo objetivo que vi naquela primeira reunião, sem acusações sem provas, que as pessoas se respeitem mutuamente”, disse, lembrando que as pessoas que estão no Movimento não podem tratar com intolerância e repúdio aqueles que não estão nele.
Diálogo com a Prefeitura e Movimentos Sociais
O bispo diocesano defende que seja estabelecido um diálogo entre os Movimentos Sociais e a prefeitura de Parintins e para isso disse que sempre estará aberto a ouvir ambos os lados. “Aqui tenho que lidar com o que o povo elege, o meu dever é de conversar com eles e quando os administradores têm a humildade de ser amigos, nós até damos sugestões, sou uma pessoa comprometida com o bem da cidade e quem é administrador conversa comigo, mas quero liberdade, não sou escravo de ninguém, quero agir de acordo com o Evangelho” e voltou a falar na liberdade de cada um em se colocar criticamente em torno de qualquer situação. “Defendo com unhas e dentes minha liberdade para poder dizer a dor e o descaso diante de certas situações”, destacou.
Ele, enquanto bispo, se colocou no dever de ouvir o Movimento, mas também no dever de manter diálogo com a administração. Assim, irá acompanhar os acontecimentos através da mídia e tentar sempre manter
diálogo com todas as partes. “A coisa mais importante é ter um diálogo profundo”, enfatizou.
Dividendos da Prefeitura com a Diocese
Questionado ainda sobre contratos de locação e dividendos entre Diocese de prefeitura, Dom Giuliano afirmou que a Diocese aluga vários espaços para o município, entre creches, centros de saúde e outros, assim como aluga para outras entidades que precisam, mas que isso não implica em troca de favores e alianças entre as entidades.
A prefeitura sempre alugou espaços da diocese para usar como secretarias, coordenadorias, educandários e centros de saúde. Os contratos existem há muitos anos e vêm de gestões muito antigas, antes mesmo de Dom Giuliano assumir como bispo diocesano. O bispo explicou que mantém diálogo com o prefeito no que é necessário, sempre pelo bem da cidade e que recebimentos de valores por contrato são tratados pela sua secretaria e não por ele.
Imprensa Livre
Na coletiva, Dom Giuliano pediu que a imprensa seja livre para noticiar os fatos que acontecem em Parintins, mas que os jornalistas tenham compromisso com a verdade e não inventem histórias ou coloquem juízo de valor nas informações no intuito de desmoralizar qualquer pessoa ou grupo. “Meu convite é que esses jornalistas digam fatos concretos e objetivos, e deixem as interpretações pros outros, que não se deixem levar por instrumentos de comunicação que não têm nenhuma responsabilidade moral e as pessoas usam isso como querem”, alertou.
Questionado sobre a orientação aos funcionários da Rádio Alvorada nesses movimentos e em relação à administração, Dom Giuliano disse que a emissora é livre para noticiar fatos e citou ainda que a emissora deve ser instrumento para proporcionar uma ponte entre a sociedade e o poder político. “Eu digo aos jornalistas, façam o seu trabalho, pesquisem, perguntem e não façam acusações sem documentação, sem provas e sem ouvir todos os lados”, disse.
Sobre as críticas pejorativas e fatos noticiosos mentirosos que circularam nas redes, Dom Giuliano disse apenas que foi alvo de muitas mentiras e preferia não saber quem eram as pessoas que inventaram fatos falsos, mas que se chegar a ler e souber quem são os autores irá agir nos rigores da lei, com processo por danos morais. “Não quis nem olhar facebook pra não partir pra “reação” a essas mentiras. Tenho minhas responsabilidades como bispo, assim como prefeito tem as dele como administrador. Mas não admito que inventem fofoquinhas e mentiras que digam respeito a minha postura sobre A ou B”, afirmou.

Fonte/Foto: Emiliana Monteiro – Alvorada Parintins

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