É HOJE: MERCADO DO VER-O-PESO COMEMORA 387 ANOS COM AÇAÍ E PEIXE FRITO
Riqueza gastronômica é atração para nativos e turistas
do mercado.
Vendedores dizem que tempero e simpatia são segredos
do sucesso.
Os aposentados Raimundo
Franco e Maria da Conceição moram na cidade de Abaetetuba, que fica no nordeste
do Pará, a 120km de Belém. Apesar da distância, toda semana eles visitam a
capital para cuidar da saúde e, nestas viagens, sempre fazem uma parada no
mercado do Ver-o-peso, a popular feira ao ar livre que completa, nesta
quinta-feira (27), 387 anos.
"Nós somos fregueses
antigos. A gente escolhe vir para cá pode ficar mais à vontade, comer com açaí,
farinha. Sem falar que o preço é sempre mais em conta que comer em um shopping
ou no centro", explica Maria que, junto com o marido, parou para almoçar na
feira pagando apenas R$ 20 em um generoso prato com carne assada de panela,
arroz, feijão, macarrão e salada - acompanhados, claro, de uma tigela com meio
litro de açaí.
Ao contrário da
"versão para exportação" vendida no sul e sudeste do país, o açaí dos
paraenses não é uma bebida energética: o vinho da fruta é vendido como refeição
no Ver-o-peso, e servido com carne ou - mais tradicionalmente - peixe frito. E
a quantidade impressiona: segundo levantamento do Departamento Intersindical de
Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mercado comercializa aproximadamente 30
toneladas de açaí por ano, além de 12 toneladas de peixe por dia.
A turista curitibana
Danielle Knevels visitou o mercado pela primeira vez, e resolveu experimentar o
jeitinho paraense. “Os peixes são maravilhosos, de um sabor que não tem igual
em qualquer outro lugar do país”, conta a administradora, enquanto almoçava uma
posta de dourada frita. O açaí, servido apenas com a farinha d´água, também não
intimidou a turista.
“O gosto é bem diferente
do açaí que chega para a gente no sul, que geralmente é doce, com pedaços de
frutas, mas essa versão regional também é gostosa. Vim conhecer a cidade com
essa proposta, viver o que o pessoal local vive, compartilhar das experiências
de quem mora aqui, e indiscutivelmente, isso passa pela comida”, revela.
Sabor local
O funcionário público José
Maria Fonseca, de 57 anos, trabalha perto de diversos restaurantes do centro de
Belém, mas se desloca diariamente até o mercado para almoçar pratos como peixe
ou charque frito com açaí. “O bom de
comer do Ver-o-Peso é essa variedade de alimentos que você encontra aqui, o
ambiente é descontraído e o custo/benefício vale muito a pena”, finalizou.
Os boieiros e boieiras da
feira, como são conhecidos os trabalhadores que comercializam alimentos no
local, contam o segredo do negócio. “Nesse ramo não tem crise ou tempo ruim.
Mesmo com problema de dinheiro, as pessoas têm necessidade de comer todo dia. E
o tempero de cada um, somado com a alegria que a gente tem no nosso trabalho, a
atenção que damos aos nossos clientes acabam fidelizando os fregueses”, explica
Antônio Martins de Souza, 63 anos, 28
deles dedicados a vender peixe frito à clientela que circula todos os dias pelo
Ver-o-Peso.
O mercado
Inaugurado no dia 27 de
Março de 1627, o Ver-o-Peso é um complexo com quase 30 mil metros quadrados de
área, onde circulam 50 mil pessoas por dia. De acordo com o Dieese, cerca de 5
mil feirantes trabalham no mercado, que é um dos principais cartões postais de
Belém. O comércio de frutas, verduras, legumes em suas barracas injeta cerca de
R$ 1,3 milhão por dia na economia de Belém.
Fonte/Foto:
G1 PA/Fernando Araújo


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