CONDENADO NO SUPREMO, DEPUTADO ASDRÚBAL BENTES DIZ QUE SE ENTREGA SEGUNDA-FEIRA
Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) disse que irá se apresentar
em Brasília.
Deputado foi condenado por esterilizar eleitoras
O deputado federal Asdrúbal
Bentes (PMDB) disse nesta sexta-feira (21) que irá se apresentar na vara de
execuções penais de Brasília na próxima segunda-feira (24) para poder cumprir a
condenação pelo crime de esterilização ilegal, do qual ele foi considerado
culpado em 2011. O deputado, que ainda está em liberdade no município de
Marabá, sudeste do Pará, diz que ainda não sabe se irá renunciar ao cargo ou
enfrentar a cassação. "Eu vou para Brasília, além de me apresentar,
conversar com lideranças nacionais e regionais, os meus familiares, minha
mulher, meus filhos, e depois apresentar uma decisão. Não há motivo para
precipitação. Estou com a consciência tranquila", disse Bentes.
O processo contra do
deputado é considerado transitado em julgado, ou seja, com decisão definitiva,
desde quinta-feira (20), quando o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
rejeitou os últimos recursos movidos por Bentes e determinando a prisão do
deputado. Bentes deve cumprir sentença de 3 anos, um mês e 10 dias em regime
aberto, já que tem 74 anos.
Segundo Bentes, seus
advogados estão acertando os detalhes finais sobre o cumprimento da pena, que
incluem restrições de liberdade como impossibilidade de deixar a sua residência
durante a noite, ingerir bebida alcoolica ou viajar sem autorização. Mesmo condenado,
o deputado alega inocência: ele diz que 13 mulheres de Marabá foram
esterilizadas, mas nega qualquer facilitação para estas cirurgias.
Rotina normal
O deputado disse que, até
ser preso, renunciar ou ser ou cassado, irá manter sua rotina. "Será
normal. Vou para o congresso, vou participar das reuniões de comissão - aliás
eu iria ser o relator da PEC sobre a criação de novos estados. Lamento
profundamente porque eu acho uma necessidade urgente a redivisão territorial do
país. O estado do Pará, o Amazonas, precisam da criação de novos entes
federativos".
Mesmo com a possibilidade
de perder o mandato, Bentes diz que não pretende abandonar a vida pública.
"Eu quero deixar bem claro que isso vai ser um hiato na minha carreira
política. Já disse que não vou sair pela janela", conclui.
Entenda o caso
Asdrúbal Bentes (2º, da dir. para esq.) aparece em foto junto com a presidente Dilma Rousseff em evento nesta quinta em Marabá |
Asdrúbal Bentes é o sexto
deputado federal em exercício que o STF manda prender desde 1988. O primeiro
foi Natan Donadon (sem partido-RO), em agosto de 2013. Ele havia sido condenado
por peculato e formação de quadrilha.
Em novembro do ano
passado, a Suprema Corte determinou a prisão de José Genoino (PT-SP), condenado
por corrupção ativa no mensalão. Pelo mesmo processo, em dezembro, foram presos
Valdemar Costa Neto (PP-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Já em fevereiro deste ano o
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) também passou a cumprir pena
no Complexo Penitenciário de Papuda, nos arredores de Brasília.
Na denúncia original do
Ministério Público, Asdrúbal Bentes era acusado de ter trocado votos por
cirurgias de esterilização quando disputou a eleição para prefeito de Marabá
(PA). Mas esse crime prescreveu porque, devido ao tempo transcorrido entre a
denúncia e o julgamento, ele não poderia mais ser punido por essa acusação. Por
isso, foi condenado somente por esterilização cirúrgica irregular, crime
previsto na lei que trata do planejamento familiar já que, pela lei brasileira,
as cirurgias de esterilização, com laqueaduras de trompas, só podem ser feitas
60 dias após a paciente tomar a decisão.
Segundo a denúncia, entre
janeiro e março de 2004, o deputado e outras seis pessoas teriam corrompido 13
eleitoras para que elas vendessem seus votos em troca das laqueaduras. Em sua
defesa, Bentes argumentou que não podia condenado por tal crime porque não é
médico.
Fonte/Fotos:
G1 PA - colaborou o repórter Márcio Novais, da TV Liberal/Diogenis Santos –
Ricardo Stuckert
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