CRIMES BANALIZADOS

A sociedade brasileira tem encarado os crimes cometidos pela classe política da mesma forma como estes têm sido praticados: de forma banal e como se o ser humano, vítima das orgias com o dinheiro público estivesse perfeitamente enquadrado na lógica da mercadoria. A realidade está posta e muito bem espelhada na pedofilia praticada pelos vilões dos cofres sustentados pelos impostos dos contribuintes, sem que estes movam uma palha para conter a gula perversa dos dragões da infância e da adolescência.
É verdade que o prefeito de Coari, um dos vilões, está “preso”, mas da prisão ao reparo dos danos causados às suas vítimas temos uma longa caminhada que precisa furar bloqueios, quebrar vícios e derrubar as barreiras das indústrias de liminares não menos viciadas que as taras defloradoras dos princípios mais elementares de humanidade.
Um país que permite o estupro de suas próprias leis, desde as bases sociais até os mais altos escalões da república não pode ser levado a sério quando o assunto é zelo pela infância, pelos pequenos e pequenas indefesos, impassíveis diante dos dragões vorazes da exploração sexual.
Em cada esquina uma rede, em cada rede um vilão ou uma vilã a se locupletar com os lucros da sede e da fome dos desamparados do capital. Agenciadores e agenciadoras estão aí, forjando encontros, iludindo famílias necessitadas, prometendo “sol” às desvalidas, protegidos pelos portadores de instintos bestiais que ocupam postos e se vestem dealvas peles para receberem suas vítimas ou protegerem comparsas da mesma canoa.
A banalização do crime é a alegria dos criminosos. Estes selecionam aventuras, colecionam suas vítimas e podem até cair no fundo dos cárceres, mas suas maldades jamais apagarão nos horizontes nebulosos das mentes abusadas de nossa infância.

Fonte/Foto: editorial em 11.02.2014 - Jornal Impresso Plantão Popular -  Floriano Lins

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.