AMAZONAS: CPI FEDERAL DA PEDOFILIA OUVIU 16 RÉUS DA OPERAÇÃO ESTOCOLMO
Dos 20 chamados para serem ouvidos, quatro não foram
localizados; dois pediram habeas corpus para não falarem; e a maioria alega o
direito de permanecer calado
A Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Pedofilia, da Câmara dos Deputados, chamou 20 réus
relacionados no inquérito da Polícia Civil do Estado do Amazonas intitulado
“Operação Estocolmo” para serem ouvidos nesta sexta-feira (21), na Assembleia
Legislativa do Estado Amazonas (Aleam), a relatora da CPI, deputada federal
Lilian Sá (Pros-RJ), conduziu a tomada de depoimentos.
Das 20 pessoas chamadas
para serem ouvidas apenas 16 compareceram para prestar depoimento. A presidente
da CPI, deputada federal Érika Kokay (PT-DF), informou que advogados de dois
depoentes levaram recursos para que seus clientes se mantivessem calados.
Para Kokay, o silêncio dos
réus já diz muita coisa. “Eles têm o direito de permanecer calados, para não
produzir provas contra si, mas veja que o silêncio fala, se eles se negam a
responder para não produzirem provas contra si, a uma leitura de que o que eles
podem falar pode comprometê-los, se a tua resposta não vai te incriminar, você
responde tranquilamente”, expressou.
Mesmo assim foram feitas
várias perguntas. Para cada acusado foram elaboradas perguntas referentes às
suas participações descritas no inquérito policial. Segundo a presidente da
CPI, é importante perguntar mesmo que eles não respondam.
“Estamos mantendo todas as
perguntas para formarmos uma opinião. São pessoas que foram denunciadas pelo
Ministério Público porque há robustez de suas participações”, destacou.
Entre os réus da ação
penal estão o deputado estadual Fausto Souza (PSD), o cônsul honorário da
Holanda, Vitório Nyenhuis, o empresário Waldery Areosa Ferreira,
ex-proprietário do Centro Universitário do Norte (Uninorte) e Waldery Areosa
Júnior. Outros empresários e o ex-prefeito de Jutaí Asclepíades da Costa de Souza
estão entre os réus. O processo tramita em segredo de Justiça.
Rede de exploração e
turismo sexual
Lilian Sá afirmou CPI
estar com todo o processo da “Operação Estocolmo” e se debruçando em cima do
que foi relatado, como notas taquigráficas, escutas telefônicas e outras
informações.
“Lembro que lendo os
relatos da ‘Operação Estocolmo’ vi que ali existe em pleno funcionamento uma
rede de exploração e turismo sexual. Essa rede de turismo sexual pode estar
ligada até mesmo com uma rede internacional”, disse.
A relatora revelou ainda
detalhes de como funcionava o esquema e que pretende ir a fundo, em busca de
mais informações. “Os dados que temos apontam a participação de turistas que
vinham já encaminhados direto para programas com essas meninas com custos no
valor de até R$ 10 mil reais”, observou a deputada Lilian Sá.
Crítica ao Judiciário
Em relação à crítica feita
à ação dos desembargadores a deputada foi enfática, e afirmou que o judiciário
deve melhorar em relação à morosidade e a situação precária em relação à
digitalização de processos. “Acreditamos na Justiça do Amazonas e esperamos um
resultado positivo de todo o trabalho que foi feito aqui nos dois últimos
dias”, afirmou.
O trabalho de oitivas
continuou noite adentro e, neste sábado (22), toda a comitiva da CPI embarca de
volta à Brasília.
O que foi a 'Estocolmo'
O esquema de exploração
sexual infanto-juvenil foi desmontado pela operação “Estocolmo” da Polícia
Civil, que teve as investigações iniciadas em maio de 2012, após denúncia de
uma parente de uma das adolescentes aliciadas. A operação foi deflagrada no dia
23 de novembro do mesmo ano, quando a polícia cumpriu mandados de prisão e de
busca e apreensão.
Fonte/Foto:
Jaíze Alencar – acrítica.uol.com.br
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