VERGONHA: PRISÕES NO PARÁ SÃO DESUMANAS
Uma comissão composta por
oito advogados da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/PA está realizando
inspeções para avaliar as condições humanas e de estrutura vivenciadas por
detentos nas unidades prisionais e centros de triagem da Região Metropolitana
de Belém, desde o último dia 20. Até ontem sete de um total de 42 unidades já
haviam recebido a visita. Precárias condições de higiene, alimentação, denúncias
de torturas, superlotação e assistência médica e jurídica insuficientes foram o
cenário encontrado por eles. “A OAB contesta o discurso do governo de que a
solução para o problema está somente na construção de novas penitenciárias,
pois sabemos que não se trata apenas disso. É preciso que se desenvolvam
programas de ressocialização e humanização para esses detentos. A OAB não
concorda com uma série de anomalias encontradas no cárcere e é esse o motivo
desse trabalho”, explicou Fábio Lima, presidente da Comissão do Sistema Penal
da OAB.
São alvos da ação centros
de triagem e de detenção, penitenciárias, além do centro de recuperação
feminino e ainda colônia agrícola e hospital de custódia.
De acordo com a OAB,
alguns dos locais com situação mais crítica registrada foram os Centros de
Triagem dos bairros da Cremação e da Marambaia, onde na primeira, dispondo da
capacidade de abrigar 80 detentos, as quatro celas da unidade amontoavam 169,
sem dispor da menor estrutura de sobrevivência digna.
Na Marambaia, onde a
capacidade é de 75 detentos, havia 224. Nas demais unidades, de acordo com a
comissão, além do fator superlotação, os problemas detectados são semelhantes e
antigos. A água e a alimentação são de péssima qualidade, segundo observou a
comissão. A saúde também é algo que não recebe atenção suficiente. Faltam
medicamentos e assistência médica, com deficiência de transporte para
hospitais.
Ainda de acordo com Fábio,
a falta de assistência jurídica e atrasos nos processos também acarreta um
grande problema no cárcere no Pará. “Percebemos grande falha na assistência
jurídica, que deveria estar sendo prestada a esses detentos e isso não é feito.
Há detentos que estão há seis meses aguardando por decisão judicial e sequer
foram chamados uma única vez. Quando perguntamos se este possui advogado, ele
diz que não tem condições para acionar um. Se perguntamos se o detento já foi
atendido por um defensor público, ele também responde que nunca”, contou Fábio
Lima.
As inspeções continuam na
próxima segunda (27), terça e quarta-feira pelas unidades prisionais de
Marituba, estendendo-se até o Complexo de Americano, onde estão sete unidades.
Após a conclusão do grupo de trabalho, será elaborado um relatório e
apresentado ao Conselho Seccional da OAB, que decide sobre a possibilidade
jurídica de ajuizar uma ação civil pública contra o Estado, requerendo
providências no que se refere aos problemas enfrentados no sistema carcerário.
“Até no máximo o início do próximo mês já teremos uma posição jurídica definida
e então anunciaremos quais medidas serão tomadas em relação á situação do
cárcere no Pará”, garantiu Fábio Lima.
Inspeções
A Comissão do Sistema
Penal da OAB/ Pará está realizando inspeções nas 42 unidades prisionais do
Pará. Até ontem sete já haviam sido vistoriadas.
Pocilgas
Denúncia de tortura; sem
higiene; superlotação; água e alimentação de péssima qualidade; sem assistência
jurídica OAB fará relatório para decidir se ajuiza ação contra o estado.
Fonte/Foto: Diário
do Pará/OAB


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