PARÁ TEM EMBARCAÇÕES COM MÉDIA DE 12 ANOS DE IDADE
No Círio de 2013, o
‘Atlântico’ acompanhou as festividades pela terceira vez. Sem completar ainda o
quarto ano de existência, a embarcação, robusta, mede sete metros de largura
por 22 metros de comprimento. Vem substituindo, com todas as qualidades, os antigos
‘Vaticano’ e ‘Sagrado’, considerados já obsoletos, depois de mais de 15 anos de
uso. Em Abaetetuba, embarcações como o ‘Atlântico’ são chamados de ‘a barca’.
Desde 2011 o piloto Pedro Maués Correa, o Pedrinho, tem a missão de comandar o
‘Atlântico’, que possui as características típicas dos barcos da região. Mas
‘Atlântico’ é uma exceção. Geralmente os rios amazônicos suportam embarcações
envelhecidas, com maiores riscos de acidentes.
É o que indica o estudo
feito pela Universidade Federal do Pará a pedido da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários. O levantamento constatou, entre 2011 e 2012, a
presença de 173 embarcações que fazem linha de navegação no Pará. Em toda a
Amazônia foram cadastradas 446.
Belém, Manaus, Santarém,
Santana, Macapá e Porto Velho são os principais polos de passageiros, ou seja,
dos seis principais locais de embarque e desembarque de passageiros, quatro
estão no Pará, que só perde em números de embarcação para o Amazonas.
Do total de 446
embarcações analisadas pelos pesquisadores da UFPA, em 102 barcos, os
responsáveis não souberam informar dados sobre o ano em que eles foram
construídos. Das 344 embarcações restantes, a média de idade dos barcos que
circulam pelos rios amazônicos é de 11 anos.
Velhos barcos
O que mais preocupa a
Antaq é o fato de quase 17% das embarcações possuírem mais de 20 anos de uso. A
média paraense é de 11 anos de utilização dos barcos. Pouco mais de 20% das
embarcações têm entre 11 e 20 anos de uso.
Quando se alia o tempo de
vida útil das embarcações com o material utilizado tem-se a consciência maior
das possibilidades de risco que isso gera para os passageiros desses barcos. Em
relação ao material dos cascos das embarcações, a maior parte, um total de 63,
5% dos barcos, tem a madeira como matéria-prima. São 283 barcos de um total de
446.
O aço naval se faz
presente em 98, ou 22% das embarcações. Quarenta e cinco barcos tinham o
alumínio como material predominante, equivalendo a 10% das embarcações. O
levantamento feito pelos pesquisadores da UFPA ressalta que mais de 75% das
embarcações com casco de madeira circulam com mais de 11 anos de construção.
É o que pode estar por
trás dos números de acidentes nos rios da região. Um dado registrado à época, a
partir da Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental, mostra que só no primeiro
semestre de 2012 ocorreram 62 acidentes envolvendo embarcações nos rios
amazônicos, muitos causados pela falta de cuidado com a manutenção dos barcos.
Barcos ‘maquiados’ ganham idade nova
O alto índice de acidentes
com embarcações no Norte do País fez até com que em 2013 fosse criada a Frente
Parlamentar Mista pelo Desenvolvimento da Navegação Fluvial na Amazônia. A
justificativa baseia-se no fato de a região ter 18.300 quilômetros de hidrovias
e a navegação por rios representar o principal meio de transporte de pessoas e
de escoamento da produção local.
“A maioria das linhas da
Amazônia ainda é servida por embarcações de tecnologias ultrapassadas e, em
muitos casos, construídas em madeira ou em aço com idades superiores a dezenas
de anos. No entanto, observa-se regularmente, que após reformas e adequações as
embarcações geralmente obtêm nova idade”, diz o relatório dos pesquisadores.
Uma solução apontada pelo
relatório seria maior participação dos governos estaduais. “Sem ação do estado
por intermédio de subsídios e subvenções é impossível qualquer empresário
suportar os investimentos em tecnologias mais modernas entre centros populacionais
de baixa aglomeração e baixa renda”, avaliam os pesquisadores.
Em números:
173 barcos fazem linha de
navegação no Pará, entre 446 listados em toda a Amazônia. Entre esses, 102 não
possuíam dados sobre o ano em que foram construídos. 78% dessas embarcações não
são construídas com aço naval. Só 98 barcos (22%) são feitos com o material. 62
acidentes com barcos foram registrados nos rios amazônicos só no primeiro
semestre de 2012.
Médias da idade das embarcações:
AMAPÁ - 10 anos
AMAZONAS - 10 anos
PARÁ - 12 anos
TRAVESSIAS - 12 anos
MÉDIA - 11 anos
Fonte: UFPA/Antaq
Fonte/Foto: Diário
do Pará/Rogério Uchôa


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