PAPA FRANCISCO NOMEIA CARDEAL DOM ORANI TEMPESTA, ARCEBISPO DO RIO
Anfitrião de Francisco na JMJ, Dom Orani
tem perfil tímido e conciliador.
Anúncio foi feito pelo pontífice neste
domingo (12), no Vaticano.
O
Papa Francisco anunciou neste domingo (12) que o arcebispo do Rio de Janeiro,
Dom Orani João Tempesta, será criado cardeal da Igreja Católica. No total,
serão 19 novos cardeais.
Foi
a primeira vez que o pontífice anunciou nomes para este cargo da Igreja Católica
desde que assumiu, em março de 2013.
Já
havia a expectativa de que Dom Orani fosse nomeado desde antes da saída de
Bento XVI, mas a renúncia do Papa atrasou a nomeação que manteve a tradição na
arquidiocese.
O
pontífice argentino deve reunir em consistório os cardeais do mundo inteiro em
22 de fevereiro, quando os nomes anunciados neste domingo receberão o título.
Considerados
os "senadores" ou "príncipes" da Igreja Católica, os
cardeais têm a função de auxiliar o Papa em suas decisões, assumindo por vezes
cargos na Cúria Romana, a administração da Igreja. Eles também participam, até
completarem 80 anos, do Conclave, reunião secreta cujo objetivo é escolher um
novo Papa.
A
timidez e a capacidade de conciliação estão entre principais características de
Dom Orani, que está à frente da Arquidiocese do Rio desde 2009. Filho caçula
dos Tempesta, família com nove filhos descendente de italianos e católica
fervorosa, o religioso nasceu em São José do Rio Pardo, no interior de São
Paulo, em 1950.
Ficou
em evidência em julho passado ao ser anfitrião do cardeal argentino Jorge Mario
Bergoglio, recém-eleito no conclave como Papa Francisco, durante a visita
oficial ao Rio de Janeiro, para a Jornada Mundial da Juventude.
O
desafio era grande: trabalhar para receber milhões de fiéis brasileiros e do
exterior, e ainda lidar com problemas estruturais, como a transferência de
eventos do Campo de Guaratiba, afetado pela chuva, para a Praia de Copacabana.
Segundo
familiares e amigos de Dom Orani, a forma serena como conduziu a JMJ pode ter
influenciado Francisco na escolha pelo brasileiro para um dos cargos de
“príncipes” da Igreja Católica – posição que só fica abaixo do próprio Papa.
Conciliador
Amigos
desde 1974, Dom Paulo Celso Demartini, abade do Mosteiro Cisterciense de São
José do Rio Pardo, conta que foi nesse mosteiro que o atual arcebispo do Rio
iniciou sua vida religiosa como monge e foi lá também que exerceu seus
primeiros anos como sacerdote.
Segundo
ele, o novo cardeal é considerado conciliador e chega a ficar horas tentando
resolver problemas de relacionamento entre pessoas, sejam elas da igreja ou
não. Dom Paulo considera fantástica a forma como Dom Orani consegue um
consenso.
“É
fantástica a forma que ele faz. Na verdade, ele procura mostrar que as duas
partes estão certas, mas que cada uma tem que reconhecer as complementariedades
das opiniões”, explica.
O
jovem Orani Tempesta ingressou ao 18 anos no Mosteiro Cisterciense de São José
do Rio Pardo, que segue as regras da ordem de São Bento (beneditinos). Enquanto
monge, se destacou nas atividades de comunicação em igrejas da Diocese de São
João da Boa Vista, até que foi ordenado padre em dezembro de 1974. Permaneceu
no mosteiro por quase 30 anos, onde foi eleito abade (responsável) em 1996.
No
ano seguinte, foi nomeado pelo Papa João Paulo II bispo da diocese de São José
do Rio Preto, também no interior paulista, com o lema de episcopado “De modo
que todos sejam um”.
Em
2004, foi nomeado Arcebispo de Belém, no Pará, onde permaneceu até 2009.
Durante este período foi presidente da Comissão Episcopal para a Cultura,
Educação e Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB,
órgão máximo da Igreja Católica no país. Em fevereiro de 2009, Bento XVI o
nomeou arcebispo do Rio de Janeiro, onde permanece atualmente.
De coroinha a cardeal
Uma
de suas irmãs ainda vivas, Ondina Tempesta, 75 anos, moradora da cidade de São
Paulo, conta que o atual arcebispo do Rio de Janeiro era o filho que mais
frequentava a igreja.
Além
disso, foi um dos primeiros a deixar a casa, quando aos 18 anos decidiu entrar
para a vida religiosa – com apoio do pai e à contragosto da mãe, que não queria
seu caçula fora do ninho. “Meus pais não apoiaram a ideia inicialmente, mas ele
foi mesmo assim”, disse ela.
Ondina
relata ainda que nos primeiros anos como monge e sacerdote, Dom Orani sempre se
dedicou aos mais pobres.
“Assim
que foi ordenado padre, ele ia muito para o interior das cidades, saía de
noite, de madrugada, para celebrar missas. É uma pessoa muito dedicada e parece
ter nascido para isso. Ele quer estar no meio do povo, com o povo”,
complementa. “É meu xodó”, diz a irmã.
Fonte/Foto: G1 – Eduardo Carvalho/Alexandre Durão
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