“BOCAS DE FERRO”: RÁDIOS DE POSTE DIVULGAM MÚSICA E SERVIÇO EM BAIRROS DE BELÉM
'Rádio cipó' é tradição que tem ouvintes cativos em
toda a cidade. Músicos de sucesso dizem que espaço é importante para divulgar
trabalho.
É em uma sala de um prédio
no meio do bairro do Comércio, em Belém, que funciona a rádio, a “rádio cipó”,
comandada por seu Pedro e os filhos. Os megafones da rádio estão espalhados
pelos postes de várias ruas ali perto.
No programa, o que
predomina é a utilidade pública. Mas há espaço para propagandas, que são
patrocinadas pelas lojas do centro comercial. A trilha sonora não poderia ser
diferente: música regional.
Seu Pedro, hoje com 62
anos, chegou na rádio aos 18 anos, para trabalhar como "controlista"
de áudio. Com todas as tecnologias da atualidade, quem assume a função no dia a
dia é o filho mais velho, Antônio, também conhecido como Dj Pedrinho. E até
Tarcísio, neto de seu Pedro, já vem para rádio aprender o ofício.
Em 45 anos de trabalho,
Seu Pedro acumulou muita história. Inclusive histórias de mudança de vida, como
de um morador de rua, alcoólatra, que graças a um comercial, mudou de vida.
E quantos artistas já
passaram pelo local em busca de divulgação? Chimbinha, Gaby Amarantos... A
rádio participou inclusive do programa Central da Periferia, apresentado por
Regina Casé. Durante a gravação, visitas surpresa: Aninha, a odalisca do Brega
foi divulgar o trabalho, assim como Nelsinho Rodrigues, artista que fez muito
sucesso no final da década de 90 com o hit “Gererê”.
“Parte do sucesso se deve
sim a pessoas como seu Pedro, que divulgam o nosso trabalho”, conta Rodrigues.
No bairro da Pedreira,
outra “boca de ferro” anima as ruas do lugar e também do bairro da Sacramenta.
Lá quem dá voz a isso é Vânia Jardim, que trabalha na rádio há 17 anos. O
estúdio é pequenininho, mas todo computadorizado. É além dos serviços de
utilidade, música os recados para a comunidade são fundamentais.
Na feira, não há quem não
goste de ser lembrado pela locutora.
E assim como a Vânia
comanda a rádio na Pedreira, no bairro de São Brás quem domina são as irmãs
Edine e Eranete, que fazem a evangelização pontualmente às seis da tarde. A
leitura do evangelho não chega a durar meia hora, mas através deste trabalho,
elas percebem a diferença que fazem na vida da comunidade.
“No percurso que nós
fazemos de casa até aqui a publicidade, pessoas vão sempre pedindo orações,
quer dizer, isso vai influenciando na vida das pessoas, né?”, conta Edine.
A boca de ferro de São
Brás hoje é comandada por Otoniel Filho, que junto com o pai, mantém 75 caixas
de som que vão do mercado até a feira da 25 de setembro. O público-alvo? A
galera da feira, claro.
“Tem muita gente que pede
música pro pai, pra mãe, às vezes um feirante está aniversariando, quer
homenagear, quer tirar uma brincadeira, às vezes negócio de Remo e Paysandu, a
gente procura fazer isso junto com a comunidade”, revela Filho.
Mesmo com o crescimento de
Belém, a tradição da “rádio cipó” vai se mantendo na boca das comunidades da
capital paraense.
Fonte/Foto: redeglobo.globo.com


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