ANIVERSÁRIO DE BELÉM-PA TEVE “FESTA” COM ESTRAGOS, ALAGAMENTOS E DESOLAÇÃO
Nem mesmo no dia em que
completou 398 anos de fundação Belém e sua população ficaram livres dos
transtornos diários que assolam a metrópole da Amazônia. Ontem, a cidade
amanheceu debaixo d’água e a população não pôde bater palmas aos parabéns
porque estavam com as mãos ocupadas tentando salvar móveis e eletrodomésticos.
Ruas ficaram alagadas, canais transbordaram e água suja e contaminada invadiu
casas. Do centro à periferia, o que se viu na capital foram os estragos do dia
de chuva que iniciou ainda de madrugada. Até o teto do PSM da 14 desabou. A
cidade que caminha para os 400 anos sequer superou problemas de décadas.
“Sempre foi assim. A cada
ano só piora”, reclamou Roberto Matos, 56, morador da avenida Fernando Guilhon.
Ele por pouco não perdeu a geladeira. Em frente à sua casa, mandou erguer um
muro de proteção, mas nem isso foi suficiente para conter a água da chuva. A
população precisou interditar a via porque os carros formavam ondas que invadia
as residências. A interdição foi feita no trecho entre a 14 de Março e
Generalíssimo Deodoro, onde o nível da água atingiu cerca de um metro de
altura.
A comerciante Elizângela
Queiroz trabalha em um ponto de venda de frango na esquina da 14 de Março com a
Fernando Guilhon. Quando ela chegou para trabalhar, às 7h30 da manhã, a via já
estava obstruída. “Toda vez que chove, preciso fazer isso porque a rua fica
cheia e os carros jogam ainda mais água para dentro das casas”, ressalta.
De acordo com Elisângela,
no horário em que chegou para trabalhar, as condições de alagamento estavam
ainda piores. “Os moradores que se arriscavam a atravessar o alagado
enfrentaram a água na altura do peito”, frisou. No final da via, dobrando a rua
Teófilo Conduru, o próprio carro da reportagem precisou dar meia volta porque a
rua estava inundada e nem os carros grandes se arriscavam a cruzar o local.
Ainda na Fernando Guilhon,
outros trechos ficaram alagados. Um deles foi próximo ao cruzamento com a
avenida Roberto Camelier, no bairro do Jurunas, em frente a um supermercado.
Trechos de ruas e avenidas viraram ‘rios’
Na avenida Conselheiro
Furtado, próximo à rua Guerra Passos, os motoristas davam meia volta e seguiam
na contramão com medo de ficar no prego em meio ao aguaceiro. “Não tem
condições, não vou arriscar!”, recusou um motorista que não quis se
identificar.
Ao longo da av.
Mundurucus, diversos trechos também foram para debaixo d’água. No cruzamento
com a Alcindo Cacela, a água chegou a invadir farmácias e um posto de gasolina.
“Choveu, aqui enche. O jeito é meter o pé na água”, atravessou a rua a
estudante Marciele Santos.
Do outro lado da cidade,
no bairro da Pedreira, a avenida Pedro Miranda também se transformou em um rio.
“Sou vítima desta situação desde 2005”, desabafou o morador José Costa.
Ele ressalta que os
alagamentos naquela área próxima ao canal do Galo acontecem devido à falta de
manutenção da macrodrenagem da Bacia do Uma. “Em 2008, o Ministério Público
moveu uma ação civil pública na qual recomendava ao Estado e ao Município que
fizessem a manutenção e resolvessem os problemas, mas nada disso está sendo
feito”, comentou.
Na avenida João Paulo II,
no bairro do Curió-Utinga, a água também cobriu a rua e trouxe prejuízos para
os motoristas, que perderam placas e calotas dos carros. No local, nem mesmo um
guarda municipal de Belém, servidor de Belém, identificado pelo prenome de Marco,
escapou do problema. Para atravessar a rua, teve que enfrentar a água na altura
dos joelhos. “É o jeito. Tenho que ir para casa”, justificou.
Os canais das travessas
Mariz e Barros e Vileta também transbordaram e água invadiu as casas. Os
moradores tiveram que caminhar sobre o parapeito.
Sesan admite que problemas persistirão
Todos os locais inundados
ontem sofrem constantemente com alagamentos. A Secretaria Municipal de
Saneamento (Sesan) alegou que está com diversas equipes atuando na limpeza dos
canais da cidade. Somente no canal da Vileta - que transborda sempre que chove,
deixando a população do local fica no prejuízo -, a Sesan informa que faz a
limpeza a cada dois dias e que o problema só vai terminar depois que for
concluída a macrodrenagem do Tucunduba.
Quanto aos alagamentos na
Caripunas, Fernando Guilhon e Mundurucus, a secretaria respondeu que já
gerencia obras de macrodrenagem no local.
Fonte/Foto: Diário
do Pará/Marcos Santos
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