LAGO BATATA EM FRANCA RECUPERAÇÃO
Parceria da MRN com pesquisadores tem resultados
positivos na recuperação de ecossistemas aquáticos.
O trabalho de recuperação
dos ecossistemas aquáticos na área do Lago Batata, na região oeste do Pará, no
rio Trombetas, mostra resultados cada vez mais positivos, indicativos do
sucesso de uma parceria firmada pela Mineração Rio do Norte com pesquisadores
da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Os dados coletados mostram
que o ecossistema aquático, que sofreu impactos com o lançamento do rejeito da
bauxita no início das operações de mineração, quando a legislação ambiental da
época ainda permitia, tem tido um incremento bastante acentuado e acelerado de
matéria orgânica. O lago já apresenta algumas estruturas de metabolismo,
comunidades de microrganismos, comunidades de outros invertebrados que usam
essa área como zona de reprodução e alimentação. A informação é animadora para
a empresa e para os pesquisadores, já que é resultado de um trabalho de
recuperação iniciado em 1987, muito antes das exigências legais.
Os pesquisadores
constataram que não só a matéria orgânica estava reestabelecida sobre a camada
estéril, como o nível de transparência da água está cada vez maior. Quanto mais
transparente for a água, maior será a incidência de luz solar, o que dará
condições ao processo de fotossíntese e levará ao crescimento na produção dos
organismos aquáticos que estão na base da cadeia alimentar, como por exemplo,
algas, crustáceos, peixes de pequeno porte como lambaris, entre outros.
“Observamos espécies de zooplânctons, invertebrados, como crustáceos e outros,
que se alimentam dessa matéria orgânica e servem de alimento para outros
peixes. Observamos também a recuperação da cadeia alimentar do ambiente
aquático, o que garante não somente o equilíbrio ecológico, mas também o
equilíbrio social, uma vez que essas espécies de peixes fazem parte da cultura
alimentar dos ribeirinhos dessa região”, disse o Professor João Leal, do
Instituto Federal do Rio de Janeiro.
Os fatos que contribuíram
para esse resultado são dois: primeiro o curso das marés, as enchentes do rio
permitem a entrada das águas do lago nas áreas de igapó e de lá trazem uma
parcela importante de matéria orgânica para esse incremento. O segundo processo
é uma intervenção da equipe de pesquisa com o objetivo de melhorar e maximizar
essa recuperação da área de igapó através do estímulo do crescimento de arroz,
uma planta aquática encontrada na região, em larga escala, tem um crescimento
grande, aumenta a produção de matéria orgânica e viabiliza o equilíbrio
ecológico.
A qualidade dos peixes do
Lago Batata é boa, garantem os pesquisadores. Na atividade de mineração da
bauxita não são usados metais pesados ou outros produtos químicos no processo.
Na região do Alto Trombetas, independentemente da atividade de mineração, a
quantidade de alumínio encontrada nos platôs é relativamente alta e com a
grande ocorrência das chuvas, o alumínio é lixiviado, o que em uma linguagem
mais popular significa “arrastado” ou “lavado”, espalhando esse material na
floresta de forma natural, mas sem prejudicar a cadeia alimentar e o equilíbrio
social. “Fazemos pesquisas com as comunidades ribeirinhas para saber que tipo
de pescado é consumido por eles ou os que são capturados com maior frequência
porque isso vira dado qualitativo para gerar relatórios”, cita João.
A parceria da MRN com as
instituições científicas gera benefícios que vão além do equilíbrio ambiental.
As comunidades do entorno são envolvidas na realização do projeto, gerando renda,
conhecimento e perspectiva. “Às vezes as pessoas das comunidades trabalham
conosco dentro do projeto, exemplo disso é quando vamos a campo e temos vários
cooperados de comunidades como Boa Vista, Moura, Batata e Sapucuá. Uma ex-aluna
da Fundação Vale do Trombetas, que fez pós-graduação em gestão ambiental,
entrou em contato comigo por e-mail e me pediu material para ajudar a elaborar
o trabalho dela de conclusão de curso. Pra mim foi uma surpresa muito
gratificante e importante ver o resultado do estímulo das nossas pesquisas”,
diz João Leal.
As pesquisas e
monitoramentos serão realizados enquanto durar a mineração de bauxita na
região. Outro aspecto importante desse projeto é a formação humana, o Projeto
de Limnologia já recebeu alunos de graduação e pós-graduação que hoje atuam
como professores nas universidades da região Norte, na Universidade Federal do
Pará (UFPA) e na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). O objetivo das
pesquisas é gerar informação científica, interagir com as comunidades locais e
mitigar os impactos no meio ambiente para que os ecossistemas naturais
permaneçam naturais e que seja possível usufruir dos recursos hídricos de forma
sustentável.
Histórico
Durante dez anos, o
rejeito da bauxita minerada em Porto Trombetas foi depositado no Lago Batata.
Esse material, mesmo não sendo tóxico, criou uma camada de sedimento novo no
lago, composta por silicato, alumínio, ferro, argila e areia fina. Isso
provocou o isolamento do solo natural com o ambiente aquático. A partir dos
estudos sobre o isolamento, as pesquisas foram realizadas no intuito de
recuperar o lago através de ações corretivas e de monitoramento.
Fonte: Ana
Karol Amorim - Analista de Comunicação - MRN
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