HISTÓRIA: CÍRIO EM SANTARÉM PODE SER MAIS ANTIGO QUE A TRADIÇÃO DA CAPITAL
Manifestações na missão do Tapajós teriam sido
registradas dois anos antes. Círio de Nazaré é mais tradicional porque não
sofreu interrupções.
Os católicos da Diocese de
Santarém, no oeste do Pará, vão realizar neste domingo (24) mais um Círio de
Nossa Senhora da Conceição. Pela 95ª vez, uma multidão vai às ruas reforçar a
tradição devocional à Santa nesta região. De acordo com relatos, procissão à
Virgem da Conceição pode ser mais antiga que a tradição da capital.
Segundo a historiadora
Terezinha Amorim, o missionário jesuíta João Felipe Bettendorff, fundador da
Missão Tapajós, que originou Santarém, em 1661, dedicou o lugar à Virgem da
Conceição, iniciando a devoção presente até os dias atuais.
Mas data apenas de 1698 o
primeiro registro de procissões coordenadas pelo padre italiano João Maria
Gorzoni, também jesuíta, ao redor da aldeia, onde hoje fica a praça Rodrigues
dos Santos, na área central de Santarém. “E nós comparamos com o achado da
imagem de Nossa Senhora de Nazaré, pelo caboclo Plácido José de Sousa em 1700.
Portanto, dois anos dos registros daqui”, explica a historiadora.
Apenas em 1758 que a
devoção à Virgem da Conceição ganhou força na região, quando o então governador
do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, elevou a Aldeia
do Tapajós à categoria de vila, no dia 14 de março, dando-lhe o nome de
Santarém e lançando a pedra fundamental para a construção do prédio da atual
Catedral.
“O governador presenteou o povo com a primeira
imagem de Nossa Senhora da Conceição que se tem relatos em Santarém. É uma peça
única em Carvalho, que fica exposta em altar no lado esquerdo da Catedral, que
reacendeu a tradição das procissões. Mas como a imagem é pesada, ela foi
pintada em pedaços de pano que o povo levava às ruas na primeira noite de
novena em homenagem à Santa”, destaca Terezinha Amorim ao referir-se aos
chamados ‘círios da Bandeira’, realizados até o início do século passado.
Características
Por algum tempo, a
prelazia de Santarém, criada em 1903, homenageava sua padroeira apenas através
de novenas seguidas de arraial. Somente no dia 28 de novembro de 1919 foi
realizado o primeiro círio, com características idênticas ao já centenário
Círio de Nazaré, em Belém.
A historiadora conta que
não há relatos de quando um dos maiores símbolos da procissão na capital, a
corda, começou a ser usado também em Santarém. “O que se sabe é que os
objetivos eram diferentes. Enquanto na capital a corda servia para puxar o
andor que conduzia a imagem quando atolava nas ruas atingidas pela maré alta,
em Santarém era usada para isolar os fiéis da imagem”, enfatiza Amorim.
Atualmente, tanto em Belém
como em Santarém, a corda tornou-se um dos maiores símbolos para os pagadores
de promessa, que disputam espaço em sacrifícios de até quatro horas de
caminhada a pé, em meio aos romeiros, que em Santarém podem chegar a cem mil
este ano.
Fonte/Foto:
g1.globo.com-pa/Arquivo


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