ACONTECEU NO PARÁ: FAZENDEIRO É CONDENADO A 30 ANOS DE PRISÃO POR MORTE DE MISSIONÁRIA
Vitalmiro Bastos de Moura (foto) foi condenado em seu quarto julgamento.
Decisão foi lida pelo juiz
Moises Alves Flexa nesta quinta-feira, 19.
Vitalmiro Bastos de Moura,
o Bida, foi sentenciado a 30 anos de prisão pelo juiz Moises Alves Flexa por
volta das 23h45 desta quinta-feira (19), após mais de 15 horas de julgamento no
Tribunal de Justiça do Pará. O condenado não poderá recorrer em liberdade,
devendo ser custodiado pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará
(Susipe).
O juiz disse que Bida foi
condenado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, pela "forma
fria, corvarde e premeditada" e por ter articulado a morte da vítima,
colocando questões patrimoniais e territoriais acima da vida de Dorothy.
"Foi reconhecida a responsabilidade do acusado e em face da decisão dos
jurados, ele está condenado nas penas previstas na lei do Código Penal
Brasileiro", declarou o juiz.
Este foi o quarto
julgamento de Vitalmiro. Ele foi julgado pela primeira vez em 2007 e condenado
a 30 anos de prisão. Naquele ano, quem recebia pena superior a 20 anos tinha
direito a um novo júri. Em maio de 2008, Bida voltou a sentar no banco dos réus
e foi absolvido. O Ministério Público recorreu da sentença e o julgamento foi
anulado.
Um novo júri foi marcado
para março de 2010 e adiado para abril do mesmo ano porque a defesa do fazendeiro
não compareu ao julgamento. No terceiro julgamento, Bida foi condenado
novamente a 30 anos de prisão.
Em maio deste ano, a
Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por três votos a dois,
anular a condenação de Vitalmiro Bastos de Moura, em julgamento de 2010. O
Supremo entendeu que houve cerceamento à defesa do acusado, que foi condenado pela
2ª Vara do Tribunal do Júri de Belém, a 30 anos de prisão. Foi a segunda vez
que o julgamento dele foi anulado, a primeira pela Justiça do Pará.
Entenda o caso
A missionária americana da
ordem de Notre Dame Dorothy Mae Stang foi morta aos 73 anos em Anapu, sudoeste
do Pará, em 12 de fevereiro de 2005. Ela trabalhava junto a comunidades de
Anapu em projetos de desenvolvimento sustentável, o chamado PDS Esperança.
Segundo o Ministério
Público, a morte da missionária foi encomendada pelos fazendeiros Vitalmiro
Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão, que aguarda julgamento
de recurso. Amair Feijoli da Cunha, o Tato, foi condenado a 18 anos de prisão
como intermediário do crime.
Rayfran das Neves Sales,
condenado a 27 anos de prisão por ser assassino confesso da missionária
norte-americana Dorothy Stang, deixou o regime fechado para cumprir o restante
da pena em prisão domiciliar em julho deste ano. Clodoaldo Carlos Batista,
acusado de ser comparsa de Rayfran, foi condenado a 17 anos de prisão deixou a
Casa do Albergado, localizada em Belém, em fevereiro de 2011 e está foragido.
O crime ganhou repercussão
internacional, chamando a atenção de entidades ligadas aos direitos humanos e a
reforma agrária. "A nossa expectativa é que esse julgamento confirme o
anterior, isto é, com a condenação do réu. Não nos conformamos com a
injustiça", disse Paulinho Joamil, da CNBB.
Fonte/Foto:
G1/Tarso Sarraf
Nenhum comentário:
Postar um comentário