'NÃO SEI SE VOU AGUENTAR', DIZ DONA DE MACACO TIRADO DE CASA APÓS 37 ANOS
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Dona do macaco Chico relembra como eram os carinhos trocados entre eles |
Animal era tratado como filho em São Carlos e foi
tirado de casa pela PM.
Família procura um advogado para entrar com recurso e
recuperar 'Chico'.
‘Eles tiraram meu filho,
não sei se vou aguentar’. Esse foi o desabafo da dona de casa Elizete Farias
Carmona, de 71 anos, depois que o macaco-prego Chico foi tirado da casa da
família após 37 anos, na manhã de sábado (3), pela Polícia Militar Ambiental de
São Carlos (SP). A idosa passou a noite à base de remédios.
O macaco ofereceu
resistência quando foi retirado da ‘mãe’. “Eles não queriam que eu visse os
policiais levando ele, mas eu quis me despedir. Eu abracei ele, ele me abraçou,
me apertou. Aí eu falei: filho, você vai embora hoje e logo a mãe vai também”,
contou a idosa.
A ausência do animal
deixou toda a família triste. “Ela está sofrendo muito, dá até dó de ver. Hoje
de manhã um conhecido nosso veio em casa e disse que vai ajudar. Ele vai atrás
de um advogado especialista na área e quem sabe conseguimos trazer o Chico de
volta”, falou o filho de Elizete, Everaldo Furlan, em entrevista na manhã
deste domingo (4).
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Chico era alimentado com cenoura e leite pela
dona em São Carlos
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O macaco-prego passou a se
comportar como um animal doméstico e despertou a curiosidade e admiração de
todos que passavam pelo bairro. “Milhares de crianças cresceram vendo o
bichinho, ele é super bem tratado, até leite ele toma. Com certeza, não vai um
ano e ele morre. É uma judiação o que fizeram”, falou o vizinho Carlos Augusto.
Denúncia
Segundo o tenente da
Polícia Militar Ambiental Leandro José Oliveira, Chico foi retirado da família
após uma denúncia. A apreensão do macaco foi feita com base na lei federal
9.605 que considera crime ambiental adquirir, guardar, ter em cativeiro ou em depósito algum animal silvestre.
A pena é detenção de seis
meses a um ano, além de multa. A mesma lei também determina que os animais
sejam libertados em seus ambientes naturais ou entregues a zoológicos,
fundações ou entidades parecidas.
Em março, Elizete levou
uma advertência da Polícia Militar Ambiental. Mas a família garante que tinha
autorização do Ibama para criar o macaco. “Na segunda vez que veio a equipe do
Ibama e pediu a documentação, minha mãe entregou o papel. Só que como ela é de
idade e na hora do tumulto, ela esqueceu de pegar o papel de volta e aí ficou
sem o documento”, relatou o filho.
Adaptação
De acordo com Fernando
Magnani, biólogo de São Carlos e vice-presidente da Sociedade de Zoológicos e
Aquários do Brasil, o macaco pode oferecer resistência para se adaptar após
tanto tempo domesticado.
“A reintegração de
primatas é possível se houver acompanhamento técnico específico e investimento.
E se for apresentado a um grupo como o seu, o sofrimento pode ser reduzido, mas
se não conseguir se reintegrar, ele pode sofrer muito”, explicou.
Fonte/Fotos:
G1/Wilson Aiello - EPTV
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