PRESOS FAZEM REBELIÃO EM CADEIA PÚBLICA NO CENTRO DE MANAUS
Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar foco de
incêndio no presídio.
Pelos menos 18 presos ficaram feridos durante o
tumulto.
Detentos da Cadeia Pública
Raimundo Vidal Pessoa fizeram rebelião na noite desta quinta-feira (11). A
Avenida Sete de Setembro, no Centro de Manaus, foi interditada devido ao
tumulto na penitenciária. Bombas de efeito moral foram usadas para tentar
conter os presos. Familiares que estavam do lado de fora da cadeia tentaram
invadir o prédio após ouvirem barulho supostamente de tiros. Segundo a
assessoria da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejus), pelos
menos 18 presos ficaram feridos durante o tumulto.
A confusão começou após um
homem ser preso tentando jogar três armas para dentro da cadeia, na tarde desta
quinta. A polícia acredita que as armas seriam utilizadas em uma possível
rebelião.
Policiais do Batalhão de
Choque entraram na cadeia para tentar controlar o tumulto. O Corpo de Bombeiros
também foi acionado após registro de um incêndio na cadeia. Não há informações
sobre como teriam começado as chamas. Agentes da Sejus e da Comissão de
Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também foram ao local.
Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram chamadas
para prestar atendimento aos feridos.
Do lado de fora da cadeia,
familiares dos presos atearam fogo em lixeiras e quebraram barracas. Segundo a
PM, os populares também arremessaram pedras contra os policiais.
Crise no sistema penitenciário
O sistema penitenciário do
Amazonas vem passando por mais uma fase ruim. O problema começou na
segunda-feira (8) na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, com a
divulgação de imagens de presas que usavam redes sociais de dentro do presídio.
Com acesso à internet, elas relatavam o
dia a dia na cadeia e mostravam que tinham regalias, como uma manicure que
atendia à ala feminina.
Após a polêmica das redes
sociais, a Sejus realizou revista na unidade e apreendeu celulares,
carregadores, tesouras e armas artesanais. As 17 presas identificadas nas
imagens foram transferidas para o isolamento no Complexo Penitenciário Anísio
Jobim (Compaj).
No dia seguinte,
terça-feira (9), 11 pessoas foram feitas reféns durante rebelião que durou mais
de 8 horas no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat). Durante o motim, 144
detentos conseguiram fugir da cadeia. Após a fuga, o secretário de Justiça,
Wesley Aguiar, admitiu a fragilidade do sistema penitenciário no Amazonas.
"Se os presos quiserem fazer uma rebelião, eles vão fazer", disse.
Em entrevista ao G1 na
quarta-feira (10), o governador Omar Aziz também falou sobre a situação. Para
Omar, a principal causa é a grande quantidade de presos. "Acontece que
estamos prendendo muita gente. E ali não tem ninguém de bem. Lá, estão pessoas que
fizeram algum mal à sociedade. Isso é reflexo da nossa proposta de acabar com
algumas mordomias que existem", afirmou. Omar disse ainda que "eles
[os presos] têm muito mais receio do Governo do que o Governo deles".
Uma crise semelhante
resultou na exoneração do antigo secretário de Justiça, Márcio Meirelles. Na
ocasião, em março, 42 presos fugiram do Complexo Penitenciário Anísio Jobim
(Compaj) por um túnel. Um documento divulgado com exclusividade pela TV
Amazonas e G1 apontava que a Sejus tinha conhecimento de que os presos
realizariam a fuga em massa. No mesmo mês, oito detentas fugiram da ala
feminina da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa. As presas escalaram a muralha
da unidade com a ajuda de uma corda artesanal, conhecida como 'Tereza'.
Dias após a fuga, dois presos
morreram em menos de 24h na mesma cela da Cadeia Pública Desembargador Raimundo
Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. As mortes ocorreram na noite do dia 19 e
madrugada do dia 20 de março.
Fonte/Foto: Eliena
Monteiro e Marina Souza - G1 AM/Romulo de Sousa
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