HÁ 19 ANOS MORRIA AYRTON SENNA ... E NASCIA UM MITO



Aquele que muitos consideram como o melhor piloto de sempre, faleceu de encontro a um muro em Imola há 19 anos
O mundo da Fórmula 1 nunca mais foi o mesmo e na minha opinião há uma F1 antes de Senna e outra depois de Senna. O ídolo dos brasileiros e amigo dos portugueses, faleceu num acidente, estúpido como todos os acidentes, num primeiro de Maio que deveria ser riscado da história da competição automóvel, tão negro foi esse fim de semana de Maio de 94.
Tive a felicidade de ver Ayrton Senna ao vivo. Tive a felicidade de falar com Ayrton Senna. Tive a felicidade de estar com ele no Estoril. Sempre como jornalista e com o distanciamento profissional entre o piloto de Fórmula 1 e do aspirante a jornalista.
Tive a infelicidade de ver o momento da sua morte, única ocasião em que lágrimas rolaram-me pelo rosto sem perceber muito bem porque. Senti após o violento embate do Williams contra o muro à saída da infame curva Tamburello do lindíssimo circuito de Imola, que o “meu” ídolo – logo eu que não sou dado a ídolos! – tinha falecido.
A corrida do carro médico até ao destroço que era o Williams, onde repousava um Ayrton Senna inerte, com a cabeça tombada para um lado. Sid Watkins, médico da F1 e seu grande amigo, reconheceu que o brasileiro estava morto e o estertor da morte, que muitos interpretaram como sinal devida, foi o suspiro final de um homem com um coração enorme, mas implacável com os adversários, roçando a arrogância.
O dia 1 de Maio de 1994 ficará para sempre marcado na minha memória, no mesmo fim de semana onde faleceu Roland Ratzenberger. Um fim de semana on de Rubens Barrichello teve um impressionante acidente e onde Pedro Lamy também não foi mais longe que a largada. Os astros alinharam-se e a catástrofe aconteceu.
Ayrton Senna não tem o melhor palmarés. Não era o mais exuberante de todos os pilotos que já passaram pela Fórmula 1 – esse lugar está reservado a outro  monstro sagrado que morreu a fazer o que mais gostava, Gilles Villeneuve – e nem sequer era o mais frívolo piloto (esse sempre foi Michael Schumacher).
Mas, volto a dizer, o melhor piloto de sempre na Fórmula 1 foi Ayrton Senna. Gilles Villeneuve foi brilhante em várias ocasiões – quem não se lembra do duelo com René Arnoux, vídeo viral do YouTube! – Juan Manuel Fangio era um dotado para a função, Michael Schumacher soube reunir tudo o que necessitava para ser várias vezes campeão do Mundo e dominar a Fórmula 1, mas nenhum conseguiu igualar Senna.
Ninguém dominou um F1 com pouca pressão aerodinâmica e mais de 1000 CV como Senna; ninguém dominou Mónaco como o brasileiro, que chegou a dar mais de segundo e meio a Alain Prost numa qualificação na pista desenhada n as ruas de Monte Carlo; ninguém andou à chuva como Ayrton Senna.
Personagem por vezes controversa, definiu-se numa frase. “não fui formatado para ser segundo, mas sim para vencer e quero vencer, sempre. O dia em que não explorar a mais pequena oportunidade para ultrapassar e vencer, deixo de ser piloto.” Palavras ditas no final do GP do Japão, onde precisava que Alain Prost não terminasse para ser campeão e certificou-se que isso sucede-se ao colocar fora de pista o seu rival num acidente perfeitamente evitável.
Foi um “playboy”, conheceram-se-lhe namoradas belas e sensuais – Xuxa e Adriane Galisteu foram as mais conhecidas – era um profundo crente em Deus (chegou a dizer que foi Deus quem o guiou no Mónaco) e um benemérito, através da sua fundação e das dádivas que fazia questão de manter secretas.
O seu refúgio era Angra dos Reis, mas durante a temporada de corridas na Europa, era ao Algarve que recolhia, tendo tido a honra de ficar imortalizado numa rua da Quinta do Lago que ostenta o seu nome.
Foi campeão do Mundo de Fórmula 1, bateu todos os recordes, mas independentemente de tudo isso, foi, para mim, o melhor piloto de sempre da Fórmula 1, morreu demasiado cedo, mas deixou uma memoria que o tempo não vai apagar. Fez hoje 19 anos que Ayrton Senna morreu em Imola, de encontro ao infame muro da curva Tamburello. Como nos últimos 19 anos... voltei a chorar ao lembrar aquele dia 1 de Maio de 1994...
Fonte/Foto: publicado originalmente no site auto.sapo.pt

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