USINA NO TAPAJÓS: OPERAÇÃO MILITAR EM TERRA INDÍGENA ESTÁ SUSPENSA
O Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, determinou a suspensão da Operação
Tapajós, operação militar e policial promovida a mando do governo federal na
região da Terra Indígena Munduruku, no Pará, onde está planejada a usina
hidrelétrica São Luís do Tapajós, no oeste do Estado. O Ministério Público
Federal (MPF), que pediu ao TRF-1 a suspensão, foi comunicado da decisão nesta
terça-feira, 16 de abril. O contingente da Operação Tapajós está na área desde
25 de março e conta com integrantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, Força Nacional de Segurança Pública e Forças Armadas.
O MPF apresentou o pedido
ao TRF-1 como recurso contra decisão da Justiça Federal em Santarém, que havia
negado a suspensão da operação. Além de determinar a suspensão, o TRF-1 proibiu
a realização de quaisquer medidas relacionadas à construção da usina
hidrelétrica. Para o tribunal, antes da realização de estudos que demandem o
ingresso de técnicos em terras indígenas e de populações tradicionais deve
haver consulta livre, prévia e informada, nos moldes do artigo 6º da Convenção
169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Segundo o recurso do MPF
concedido pelo TRF-1, o processo de consulta deve ser facultado não apenas aos
povos indígenas afetados, mas também às populações tradicionais atingidas, nos
termos do artigo 1º da Convenção 169 da OIT, evitando-se a confusão entre o
procedimento de consulta estabelecida na convenção com a oitiva estabelecida na
Constituição Federal para o Congresso Nacional.
Foi determinado, ainda,
que, após a realização da consulta, sejam elaboradas tanto a Avaliação
Ambiental Integrada (AAI) quanto a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) dos
impactos decorrentes da instalação de empreendimentos hidrelétricos em toda a
bacia do Tapajós.
Para os procuradores da
República que atuam no caso, “a Operação Tapajós derrubava qualquer chance de
diálogo e consulta como manda a Convenção 169 da OIT. Não existe diálogo, mas
predisposição ao confronto”, criticou o texto do recurso. A Advocacia Geral da
União (AGU) vai recorrer, ainda nesta semana, da decisão do Tribunal Regional
Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília.
Fonte/Foto: Diário
do Pará/aquaverde.org
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