FALSOS PESCADORES VERÃO O SOL NASCER QUADRADO
É incrível a capacidade
que a corrupção tem de se reinventar e criar novas formas de burlar a lei. As
quadrilhas de fraudadores do seguro defeso desbaratadas nos municípios de
Breves, Curralinho, Salvaterra e Soure, no arquipélago do Marajó, além de
Belém, ontem (25), nas Operações Tétis e Proteu, da PF, MPF e Ministério do
Trabalho e Emprego, com o apoio da Polícia Civil do Pará, tinham até – pasmem!
- cambistas, especializados em arregimentar pessoas para entrar no esquema, que
em três anos desviou mais de R$ 18 milhões em saques no benefício criado para
proteger o pescador artesanal. O Pará, acreditem, já chegou a concentrar 44% de
todos os benefícios concedidos no País.
“A colônia de pescadores
inchou igual baiacu”, sintetizou com singeleza que beira a perfeição uma das
testemunhas ouvidas durante os inquéritos.
Foram cumpridos 19
mandados de prisão preventiva, 19 mandados de prisão temporária, duas conduções
coercitivas, 41 mandados de busca e apreensão, oito afastamentos de servidores
públicos, bloqueio de 44 contas bancárias e o cancelamento de 19 registros
gerais de pesca.
Dentre os presos, figuram
13 empregados públicos, além de presidentes de colônias de pescadores e
vigilantes de agências bancárias. Há vereadores envolvidos.
Pessoas ligadas às
colônias ou associações de pescadores desses municípios atuaram em parceria com
servidores de órgãos de cadastro, controle e pagamento do seguro. E os
'cambistas' ficavam incumbidos de encontrar interessados em se passar por
pescadores, levando-os até as agências bancárias para o recebimento ilegal do
benefício.
As operações, planejadas a
partir de dados apurados em mais de 160 inquéritos, foram batizadas pela PF de
Proteu e Tétis em referência a divindades marinhas da mitologia grega. Proteu é
o deus filho dos titãs Tétis e Oceano. Reverenciado como profeta, tinha o dom
da premonição e assim atraía o interesse de muitos que queriam saber as
artimanhas do poderoso destino. Tétis é uma das Nereidas, filha de Nereu e de
Dóris.
Por causa desse mesmíssimo
tipo de fraude, em 2011 o Ministério Público Eleitoral conseguiu a cassação do
mandato do então deputado estadual Paulo Sérgio Souza, o Chico da Pesca. Ele
tinha sido o quinto candidato mais votado para a Alepa e, de acordo com o MPE,
incluiu centenas de pessoas irregularmente no Registro Geral da Pesca em troca
de votos, o que configura abuso de poder político e econômico, já que ele foi
superintendente da Secretaria Federal da Pesca no Pará. O esquema foi
descoberto depois que a CGU notou um aumento inexplicável do número de
registros de pescadores no período anterior à eleição, justamente para requerer
benefícios como o seguro-defeso.
Fonte/Imagem:
uruatapera.blogspot.com.br/verdadeexpressa
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