ÍNDIO DIZ QUE CORREU 40 KM APÓS ATAQUE DE MADEIREIROS
Um líder indígena da etnia tembé que havia
desaparecido no sábado após ataque de madeireiros em Nova Esperança do Piriá,
no nordeste do Pará, correu e andou 40 km pela mata, bebeu água da chuva, se
feriu na floresta e pegou duas caronas até chegar de volta a sua aldeia, na
noite de anteontem.
As buscas pelo chefe
tribal mobilizaram um helicóptero da Funai e cerca de 800 índios de sua etnia,
que até a noite de ontem continuavam na floresta à procura do líder -sem
comunicação, eles não puderam ser avisados sobre o seu reaparecimento.
Em entrevista por um
orelhão da aldeia Cajueiro, a 120 km de Paragominas, o líder tribal Valdeci
Tembé, 43, disse que ele e dois fiscais do Ibama foram atacados a tiros na
noite de sábado durante ação de combate à extração ilegal de madeira dentro da
terra indígena do alto rio Guamá.
Ele fugiu pela mata. Os
fiscais foram mantidos reféns até a 1h de domingo, quando uma equipe do Ibama e
a Polícia Militar chegaram ao local. Ninguém foi preso.
"Por volta das 20h
fomos abordados por mais ou menos 150 homens, todos armados e alcoolizados.
Todos chegaram apontando armas para todos nós. Diziam assim: vamos te pegar e
encher tua cara de bala. Não pensei duas vezes, tive que fugir."
Segundo o chefe indígena,
no percurso de 40 km ele passou por fazendas e duas vilas de assentamentos. Na
vila do Braço Quebrado, se sentiu seguro e pediu ajuda. "O pessoal me deu
abrigo e fui bem recebido", afirmou.
Tembé disse que um homem
que coletava açaí o levou até a aldeia Tecoral, já em Paragominas. Lá, o
cacique pegou carona de motocicleta com um amigo para sua aldeia, a Cajueiro,
um percurso de mais de 35 km.
Ele disse que ao retornar
para casa recebeu uma má notícia. "Tem uns 800 guerreiros andando pela
mata me procurando, não conseguimos avisá-los ainda. Estamos muito
preocupados", disse.
A Polícia Federal
investiga os ataques. O conflito na região aumentou há dois meses, quando
índios acusaram madeireiros de roubar madeira que havia sido apreendida e
estava na área. Os indígenas chegaram a colocar fogo em carros de madeireiros.
Fonte/Arte: Kátia
Brasil – folha.uol.com.br/Folhapress
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