EM RISCO DE EXTINÇÃO, GAVIÃO-REAL É FOCO DE PROJETO DE PRESERVAÇÃO, NO AM
Projeto do Inpa estuda ave desde 1997 no
Amazonas.
Desmatamento e extinção de presas
prejudica sobrevivência da ave.
Espécie
que habita as chamadas florestas intactas, o gavião-real ocupa o topo da cadeia
alimentar e utiliza os recursos da fauna de forma equilibrada. Por isso, é o
responsável pelo balanço de suas presas na natureza. Historicamente, a ave tem
suas origens em regiões como o sul do México, América Central e nordeste da
Argentina e Paraguai. Porém, em alguns locais, a espécie já está em extinção,
como é o caso do Paraná.
Existente
desde 1997, com a descoberta de um ninho em uma reserva florestal do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, o Projeto Gavião-real visa
a proteção da espécie e faz parte das atividades no Brasil do Programa de
Conservação do Gavião-real (PCGR). “(A ave) é vítima muitas vezes da falta de
conhecimento sobre a sua importância para as florestas e acaba sendo ferido;
então, chega ao PCGR com capacidade de ser reabilitado e devolvido ao local
onde foi resgatado. O objetivo das ações do projeto é a conservação desta ave
garantida a partir da manutenção da árvore ninho e das florestas no entorno do
sitio de nidificação (ação do animal de construir um ninho) do gavião-real nas
florestas da Amazônia, da Mata Atlântica, locais onde o PCGR contabiliza em
2012, 85 ninhos mapeados e monitorados.”, aponta a bióloga Helena Aguiar,
gerente do PCGR no país.
De
acordo com Aguiar, que também é doutoranda do curso de Pós-Graduação em
Ecologia do Inpa, o PCGR conta com o apoio de pesquisadores, estudantes,
voluntários, zootecnistas, veterinários, instituições governamentais, não
governamentais e privadas e até professores das zonas rurais. E como funcionam
essas pesquisas? “O gavião-real e as demais aves de rapina estudadas têm seu
comportamento reprodutivo, espécie de presas consumidas, estrutura da árvore
onde se localiza seu ninho, área de vida e fatores de sobrevivência estudados”,
destaca.
Com
a conservação do gavião-real e das florestas no entorno do seu ninho, outras
espécies da fauna e da flora também serão beneficiadas, ressalta a bióloga.
“Por ser uma ave que utiliza e necessita de uma grande extensão de área de
floresta para se reproduzir, o gavião-real é o que se chama de espécie
guarda-chuva, favorecendo a proteção de outros animais que estão no nível
trófico abaixo do seu. A ave não possui predadores naturais; infelizmente, as
populações humanas é que estão contribuindo para a redução e, em alguns
lugares, o desaparecimento do gavião-real e de outros grandes predadores como
as onças”, acrescenta.
Entre
os maiores riscos para a espécie, estão o desmatamento das florestas e a também
extinção de indivíduos da natureza, ocasionada pela caça e matança. Segundo a
bióloga, em algumas regiões da Amazônia ainda existe a “lenda” de que o
gavião-real é uma ameaça aos animais domésticos. Todavia, estudos realizados
por ela não registraram essas espécies nos vestígios coletados nos ninhos em
estudo sobe o consumo da ave na região.
No
cronograma do Inpa, o Projeto Gavião-Real e o PCGR contribuem com a geração,
disseminação e popularização de conhecimentos científicos e favorece a
capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento e conservação da
biodiversidade na região amazônica.
Sobre o gavião-real
Animal
que chama a atenção por algumas de suas dimensões, como as garras (hálux) que
podem atingir até 6 cm de comprimento, o gavião real tem envergadura de até
2,2m (medida de uma ponta a outra das asas) e peso, quando adulto, de 5,5 Kg
(macho) e 8 Kg (fêmea). A altura máxima pode atingir até 1,05 m.
Alimentam-se
de mamíferos de médio e pequeno porte, tais como preguiças, macacos, roedores e
aves. “A espécie reproduz um filhote a cada 2,5 ou três anos, e este filhote
permanecerá sob o cuidado dos pais por pelo menos dois anos, fato que a torna
vulnerável a remoção de indivíduos da natureza. Em cativeiro, há registros de
indivíduos vivendo até 51 anos, todavia na natureza ainda não temos esta
informação”, revela a gerente do PCGR.
Fonte/Fotos: Camila Henriques, do G1 AM/ Divulgação/Olivier Jaudoin - PCGR
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