CADA UM POR SI ... : EM NAUFRÁGIOS, LEMA "MULHERES E CRIANÇAS PRIMEIRO" NÃO É SEGUIDO, DIZ ESTUDO
O
lema "Mulheres e crianças primeiro" acaba de se revelar um mito da
história da navegação. Mais correto seria "cada um por si e Deus por
todos".
Um
estudo inédito com 18 desastres marítimos, envolvendo cerca de 15 mil pessoas
entre 1852 e 2011, mostrou que, na verdade, morrem proporcionalmente mais
mulheres e crianças, e mais passageiros do que tripulantes e capitães.
O
estudo foi feito por Mikael Elinder e Oscar Erixson, da Universidade de
Uppsala, Suécia, e está na revista científica americana "PNAS".
A
ideia de que haveria menos mortos entre mulheres e crianças deriva do
afundamento do navio de passageiros britânico Titanic por um iceberg em 1912.
Cerca
de 70% das mulheres e crianças foram salvas, contra apenas 20% dos homens. O
capitão afundou com seu navio. O episódio é considerado o clássico exemplo de
cavalheirismo no mar.
Outro
afundamento muito estudado foi o do navio de passageiros britânico Lusitania
por um submarino alemão em 1915. No caso, não se viu diferença na proporção de
mortos entre homens e mulheres. O motivo seria o tempo: o Titanic levou 160
minutos para afundar; o Lusitania, menos de 20.
Até
agora, apenas os naufrágios do Titanic e Lusitania tinham sido estudados em
detalhe sobre a diferença de mortos entre os sexos.
"Ao
investigar uma amostra bem mais ampla de desastres marítimos, nós mostramos que
a taxa de sobrevivência de mulheres é, na média, apenas metade daquela dos
homens", concluíram os autores do estudo.
Nos
16 naufrágios extras estudados, mais de 60% da tripulação sobreviveu, contra
menos de 40% dos passageiros homens. Menos de 20% das crianças a bordo
sobreviveram nesses navios (contra 50% no Titanic).
Os
novos dados também demonstraram que o tempo de afundamento não fez diferença
para a sobrevivência das mulheres.
Fonte/Foto: Ricardo Bonalume Neto – Folha de São Paulo/ccccquatro
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