PARCERIA LEVA MEDICINA E INFORMAÇÃO A COMUNIDADES QUILOMBOLAS
A saúde pública ainda é um dos grandes desafios do Brasil e um obstáculo ainda maior na Amazônia. Mas algumas iniciativas vêm transformando essa realidade com uma fórmula que mistura parceria, vontade de fazer e um jeito bem amazônico de levar saúde até as comunidades isoladas.
Há onze anos, a Fundação Esperança, a Secretaria Municipal de Saúde de Oriximiná e a Mineração Rio do Norte (MRN) iniciaram uma parceria intitulada Projeto Quilombo, que tem alcançado resultados satisfatórios na melhoria da saúde e qualidade de vida das populações quilombolas que habitam o oeste do Pará. Mensalmente, 23 comunidades das margens do rio Trombetas recebem a visita do barco Barão do Mar, que chega com uma equipe de 12 a 15 profissionais a bordo. São médicos, enfermeiras e técnicos que levam assistência curativa e preventiva.
Os atendimentos acontecem nos barracões das comunidades. A ausência de um posto de saúde não é pretexto para deixar homens, mulheres e crianças sem assistência médica. Esse esforço coletivo tem trazido resultados positivos, seja na redução dos casos de doenças em adultos ou na desnutrição infantil.
O percentual de crianças desnutridas com idades de zero a cinco anos era de 39% quando o projeto iniciou suas atividades. Hoje, caiu para 7% e as crianças em desnutrição estão recebendo orientação e suplemento alimentar para auxiliá-las na recuperação do peso. “Estamos abaixo da média que o Ministério da Saúde preconiza, que é de 10%. Esse índice leva em conta a qualidade de vida, o tipo de trabalho da população do Norte e outros fatores”, explica a coordenadora do projeto Quilombo, Ethel Soares.
Por meio do projeto, as comunidades de quilombo têm acesso à medicina geral, com exames feitos nas próprias comunidades, a fim de tratar e encaminhar necessidades específicas. Os pacientes ainda recebem medicação gratuita e vacinas contra paralisia e sarampo. A atenção básica à saúde dos remanescentes de quilombo reflete na evolução dos atendimentos. “Os números não refletem o aumento de doenças, mas o retorno que os pacientes fazem.
Eles já aprenderam que é preciso prevenir”, comemora Ethel.Entre as mulheres, o acompanhamento médico nas áreas de ginecologia, pré-natal e combate ao câncer uterino teve um incremento de 181,34% desde o início do projeto.
A procura por atendimentos cresceu até mesmo entre os homens, que tradicionalmente procuram pouco por assistência médica. O aumento cresceu cerca de 200% do primeiro ano até agora. Um avanço representativo no atendimento de comunidades como a do Jamari, uma das mais carentes da região, onde as famílias vivem basicamente da produção da farinha, da coleta da castanha-do-Pará e da extração do óleo de Copaíba. “Fazemos a prevenção do câncer de próstata e agora iniciamos o monitoramento dos pacientes para a prevenção do câncer de pulmão, boca e mucosa, pois 30% dos homens fumam”, argumenta.
A alimentação diária, além da farinha, inclui carnes de caça e peixes. Os moradores do Jamari têm tendência à obesidade, à diabetes, má circulação e à pressão alta. “Além de muita farinha, eles consomem alimentos gordurosos e carregados no sal, por isso o acompanhamento é feito de forma diferenciada nos pacientes de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão essencial, que é uma deficiência de retenção de sódio, que é comum em algumas comunidades do Alto Trombetas. É diferente da hipertensão arterial que conhecemos”, explica Ethel. Dos 146 pacientes com hipertensão essencial cadastrados, apenas um teve evolução do quadro.Ano passado, o Projeto Quilombo encerrou suas atividades com 4.293 atendimentos. “Com o aumento da qualidade de vida, a tendência é que haja uma redução progressiva dos atendimentos. Então, deveremos fechar 2011 com uma redução de 13% com relação a 2010”, finaliza a coordenadora.
Orientação – O projeto Quilombo contempla ainda atividades de educação em saúde, que incluem orientações sobre aleitamento materno; alimentação complementar; higiene e tratamento de água; prevenção de doenças como diarréia, infecção urinária e câncer no colo do útero e próstata; bem como informações sobre a importância das vacinas e do planejamento familiar.Para a Mineração Rio do Norte, contribuir para a qualidade de vida da população de sua área de influência é atuar em consonância com sua política de responsabilidade social. “O projeto Quilombo é um bom exemplo de que podemos aliar desenvolvimento econômico com desenvolvimento social. Com parceiros comprometidos e com investimento social podemos melhorar a vida das pessoas”, afirma Evandro Soares, gerente de Relações Comunitárias.
Fonte: Érica Bernardo - Assessoria de Comunicação - MRN
Foto edição: z fioravante
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