TEATRO: CIA TRIPTAL ENCERRA OFICINA EM ORIXIMINÁ
Atores aprenderam técnicas de expressão e discutiram a produção local
A premiada Cia Triptal de teatro que está circulado pelo Norte do Brasil com o projeto “Homens ao mar” encerrou nesta quarta-feira (19), na Secretaria de Cultura de Oriximiná, a oficina teatral para atores locais. O evento, que começou na terça, dia 18, envolveu artistas da região no estudo da expressão corporal e na discussão sobre os desafios de fazer teatro em locais geograficamente distantes dos grandes centros urbanos.
Para o diretor da Triptal, André Garolli, a troca dos atores da companhia com os artistas locais foi muito válida. “Posso citar dois fatos curiosos. O primeiro é que, seja aqui na Amazônia ou em São Paulo, as reclamações são sempre as mesmas – falta de espaço, carência de apoio financeiro e dificuldade de interação com outros profissionais. A outra curiosidade é que os caminhos aqui são muito abertos, tem gente que praticamente vive de teatro, e há uma produção muito interessante e acessível voltada para o universo caboclo”, relata.
O trabalho da Companhia de Teatro, Humor e Festa Uirapuru, coordenado pela atriz Annieli Valério, chamou atenção de Garolli. A produção “No balanço da canoa”, texto de Annieli, coloca em pauta o universo amazônico através de dois personagens – uma cabocla e um padre – que no enredo exploram o choque cultural, a preservação das águas e as lendas amazônicas. A montagem recebeu o Prêmio Funarte em 2010. Para Annieli, a oportunidade de trocar experiências na oficina patrocinada pela Mineração Rio do Norte vai contribuir muito com seu trabalho no palco. “Eles têm uma expressão corporal fenomenal. Foi interessante aprender como usar exercícios corporais atrelando-os ao espetáculo. Aqui nós fazemos exercícios, mas não têm ligação com o que estamos apresentando no palco. Além disso, eles usam o corpo inteiro e a gente articula mais os membros superiores, os braços”, explica. A atriz oriximinaense diz que o maior desafio do teatro local é superar o isolamento geográfico e o preconceito com a cultura local. “Perdemos muitos editais de incentivo porque estamos distantes. A internet ainda é lenta e, quando vamos ver, a oportunidade já passou. O outro aspecto é que muitas companhias ainda preferem trabalhar com autores americanos, ingleses e franceses, em vez de valorizar o que há dentro da Amazônia. Podemos levar para o mundo os nossos costumes, as peculiaridades da nossa região, que é muito rica”, argumenta.
O historiador e técnico da Secretaria de Cultura de Oriximiná, João Felipe Lobato, comemorou a oportunidade de troca com a Triptal. “Foi enriquecedor. Eles trabalham com uma metodologia e linguagem acessíveis”, diz. O historiador integra a equipe do projeto Cultura de Bubuia, patrocinado pela Mineração Rio do Norte, que busca fortalecer a identidade cultural das populações locais. A Cia Triptal elegeu sete cidades do Norte do país para desenvolver o projeto “Homens ao mar” e realizar as oficinas. O critério de escolha foi o pouco acesso ao teatro e, ainda, a relação de suas populações com os rios - uma forma de gerar identificação do público com o espetáculo “Zona de Guerra”. O ciclo de viagens pelo Norte está na reta final. Nos próximos dias 22 e 23 a montagem chega ao cine Teatro de Porto Trombetas e nos dias 26 e 27 no auditório Felisberto Jaguar Sussuarana, em Santarém, no oeste do estado. O circuito termina no dia 2 de novembro, em Belém, com a apresentação também gratuita da montagem no teatro Cláudio Barradas, às 20h.
Fonte: Érica Bernardo - Assessoria de Comunicação - MRN
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