O BELENENSE E O SEU JEITO PRÓPRIO DE FALAR
A fala dos moradores de Belém do Pará é única.
Basta abrir a boca em outras regiões que logo vem a curiosidade: “Esse
chiado... Vocês são de onde? Rio de Janeiro? Belém?”, mas bastam mais alguns
minutos de conversa e a expressão “égua” elimina de vez as dúvidas do ouvinte:
“é gente do Pará!”.
E esse falar característico da capital
paraense, como não poderia deixar de ser, tem origem na mistura dos índios com
os portugueses e vem se transformando ao longo do tempo, com expressões, gírias
e palavras novas, explica a professora Maria Ivanete Felix, doutoranda em
linguística. “Belém sofre influência (de outras regiões), porque os habitantes
não são simplesmente nascidos aqui, as pessoas vêm de diferentes localidades.
Você vê a influência das populações ribeirinhas, do Marajó”, descreve.
LINGUAJAR
Mesmo as pessoas que têm um nível elevado não
largam esse falar ‘papa chibé’. “Então, o ‘égua, o pai d’égua, o eras, o
brocado vão se criando pela influência desses diferentes falares. É difícil
determinar de onde vem o ‘égua’, por exemplo”, diz a professora. “São
expressões que nascem ao longo da história”.
Mas existem pistas. O ‘tu’, por exemplo, teria
origem nos Açores. Quanto ao chiado, saiba que ele veio do Norte de Portugal. E
tem mais: “A fisiologia dos índios é diferente. Por isso, eles não conseguiam
falar o português de Portugal como os portugueses. Daí, foram ‘adocicando’ essa
fala, tornando-a mais leve”, esclarece Maria Ivanete. De qualquer forma, as
palavras e expressões locais são, por vezes, muito engraçadas.
Fonte/Imagem:
Luiz Octávio Lucas - Diário do Pará/Casso
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