ARTIGO: MOMENTO DE SILÊNCIO E BARÃO DO RIO BRANCO
- por Paiva Netto (*)
Há décadas, estabelecemos a cerimônia de um
instante de silêncio antes da oração que sempre inicia as atividades diárias
nas Instituições da Boa Vontade, no intuito de fortalecer a ligação das equipes
solidárias das IBVs com a Espiritualidade Superior, fato que vem se tornando
prática cotidiana em empresas.
Já comentei nas minhas preleções no rádio e na
televisão algo da história do momento de silêncio; no entanto, não custa
relembrar. Em 10 de fevereiro de 1912, faleceu o diplomata, professor e
jornalista José Maria da Silva Paranhos
Júnior (1845-1912), o Barão do Rio Branco, um dos maiores chanceleres,
senão o maior, que o Brasil conheceu. Era filho do Visconde do Rio Branco, o
criador da Lei do Septuagenário — aos 70 anos os escravos estariam libertos, contudo,
quantos alcançariam essa idade?
A morte de Paranhos Júnior foi muito
lamentada. Quando a notícia chegou a Lisboa, a Câmara dos Deputados, sob o
comando de Aresta Branco (1862-1952), suspendeu a sessão por meia
hora, como era tradicional, em respeito ao ilustre diplomata. Porém, o Senado,
no dia posterior, cuja presidência estava a cargo de Anselmo Braamcamp (1849-1921), secretariado por Bernardino Roque e Bernardo Paes de Almeida,
inovou o costume. O presidente fez uma pausa na reunião e destacou: “Os
altos serviços por aquele estadista prestados a Portugal e a circunstância de
ser ele ministro quando o Brasil reconheceu a república portuguesa”,
conforme o registro do lisboeta Diário de
Notícias, que ainda anotou: “Honrou
também o Barão do Rio Branco as tradições lusitanas da origem da sua família e
por tudo isso propôs que durante dez minutos, e como homenagem à sua memória,
os senhores senadores se conservassem silenciosos nos seus lugares. Assim se
fez...”.
Foi a deferência ao grande brasileiro que
retornara à Pátria Espiritual.
O Cristo interno
Diante da vida tão atribulada que levamos,
surge a argumentação: “É dificílimo obter
um minuto de silêncio, que seja, com as crianças correndo, num feliz alarido, o
vizinho com o som superelevado, aquela britadeira em frente da minha janela, ou
com os mil problemas que tenho de enfrentar. Sinto muito, mas não consigo”.
Consegue, sim! Não falo restritamente da
quietude física. Refiro-me em especial àquela buscada dentro do Espírito. Você
mesmo, às vezes num ônibus barulhento, apinhado, quente, o tráfego intenso,
desliga-se pensando naquela questão que precisa sanar. Nada em volta o perturba
ou o estorva. E quando desce do coletivo diz: “Puxa vida! Parecia impossível sair de tamanha enrascada e agora,
naquele bendito ônibus, embora jogando calor em mim, a solução apareceu”.
Por quê?! Porque Você entrou no silêncio, dialogou com o seu Cristo interno,
com a ajuda do Espírito Santo.
Tudo na existência material é relativo. Basta
ver que nas guerras pessoas se matam na presença de paisagens extraordinárias
que Deus lhes oferece para acender no âmago justamente a vontade de viver.
Maior riqueza
Os guris estão correndo, abrindo a geladeira,
está uma confusão no meio da rua? Você saberá entrar no silêncio de si mesmo,
de si própria, para sentir no íntimo a influência divina. Aproveite esses
instantes de meditação, leia o Evangelho de Jesus, riqueza imensa deste e do
Outro Mundo, e verá quantos benefícios a sua vida receberá. Mas, primeiro,
vamos aplacar os ruídos da Alma. Um minuto de silêncio.
TBV
O Templo da Boa Vontade, em Brasília, é hoje
amplamente reconhecido como excelente local para a criatura aquietar o coração
e elevar o pensamento ao mais Alto, ganhando assim forças para seguir avante. O
TBV preconiza o Ecumenismo Total, expressão criada pelo saudoso fundador da
LBV, Alziro Zarur (1914-1979), o
qual propõe a fraterna aliança da Humanidade da Terra com a do Mundo Espiritual
Superior e com qualquer civilização que possa haver no Espaço.
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José de Paiva Netto ― Jornalista,
radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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