APÓS CHEIA RECORDE, SECA SEVERA AMEAÇA ISOLAR 2 MUNICÍPIOS NO AM


Lancha ficou atolada após bater em banco de areia no Rio Solimões, na terça-feira (6)

Transporte de passageiros e mercadorias foi afetado no Rio Solimões.
Embarcações de médio e grande porte param a mais de 15 km de porto.
Os municípios Fonte Boa e Benjamin Constant, no Amazonas, estão praticamente isolados em razão da vazante do Rio Solimões. As embarcações de grande e médio porte, que transportam cargas e passageiros, não conseguem se aproximar dos portos, uma vez que o nível das águas está muito baixo. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) classifica como "severa" a intensidade da vazante deste ano.
A vazante - descida do nível do rio - iniciou no segundo semestre. Ela ocorre após o registro da segunda maior cheia do Solimões. O fenômeno El Niño tem influenciado no período de seca.
Segundo a empresária do setor de navegação fluvial, Greicy Fernandes, as embarcações que fazem viagens de Manaus à cidade de Tabatinga, não estão conseguindo atracar em Fonte Boa e Benjamin Constant - localizadas a  678 e 1.121 km da capital, respectivamente -,  desde o final de setembro. Ela afirma que o baixo nível do rio coloca em risco a navegação e dificulta a distribuição de produtos.
"Em Benjamin Constant não entramos desde o dia 30 de setembro. Na mesma viagem, nossa embarcação não parou mais no porto de Fonte Boa na madrugada do dia 1º de outubro", revelou.
Barcos de transporte fluvial misto (cargas e passageiros) evitam se aproximar da orla, pois há risco de acidentes como colisões contra troncos de madeira e encalhe em bancos de areia. As embarcações param mais de 15 km de distância do porto.
Para que pessoas e produtos cheguem aos municípios é preciso fazer o transbordo para pequenas embarcações no meio do rio. A medida encarece o transporte e aumenta os riscos.
Riscos
O presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), Claudomiro Carvalho Filho, disse que a situação deve se complicar ainda mais caso a vazante ganhe maior intensidade.
"Os proprietários das embarcações maiores precisam contratar barcos menores para levarem passageiros e cargas aos municípios. Uma situação complicada e difícil para abastecer as cidades, que dependem do transporte fluvial", explicou o presidente.
Os riscos de acidentes são iminentes em razão do baixo volume de água. No dia 25 de setembro, no trajeto entre Benjamin Constant e Tabatinga, uma embarcação bateu em tronco de árvore. Os prejuízos chegaram a mais R$ 15 mil. O Comando do 9º Distrito Naval informou que outro barco do tipo expresso ficou encalhado em um banco de areia no município de Manacapuru, também localizado no Rio Solimões.
"Isso em plena luz do dia. À noite fica mais complicado navegar. Em alguns casos que tivemos que parar a embarcação porque não havia condição de navegar. Fora os riscos com nível da água e bancos de areia, ainda tem a questão da visibilidade reduzida pela fumaça das queimadas. É preciso navegar por equipamento seguindo rota anterior marcada, mas em pontos críticos é inevitável parar", justificou a empresária.
Com as dificuldades ao longo do trajeto de Manaus à Tabatinga, a 1.108 km as embarcações levam até 12 horas a mais para cumprir o itinerário. "Ainda que o Rio Solimões tenha mudanças, há áreas que todos os anos no período da vazante (seca) elas são críticas. Os meus clientes de Benjamin Constant estão cientes que terão de pegar as cargas em Tabatinga. Se houvesse dragagem teríamos canais e hidrovias", reclamou a empresária Greicy Fernandes.
Nível
De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o nível do Rio Solimões em Fonte Boa nesta terça atingiu a marca de 12,67 metros. A cota mínima histórica é de 8,02 metros, registrada em 17 de outubro de 2010. Já a marca histórica de cheia ocorreu em junho de 2015 com cota de 22,82m. O CPRM não dispõe das cotas Benjamin Constant. Uma empresa é responsável pelo monitoramento na cidade.
"Quando falamos cota de um metro, isso não quer dizer que se tem apenas um metro de lâmina d’água. O zero da régua foi colocado naquele ponto, mas tem muito mais água correndo no rio e não é apenas um metro de profundidade", esclareceu o superintendente do CPRM, Marco Antônio Oliveira.
Ele explicou que, em média, o Rio Solimões tem baixado 30 cm por dia em Fonte Boa, por exemplo. O especialista disse que as poucas ocorrências de chuvas e altas temperaturas registradas têm influenciado a vazante.
"É uma influência direta porque o que alimenta os rios são as águas das chuvas. Se não chove, o rio vai descendo em direção ao Oceano Atlântico. É o que está acontecendo. É uma estiagem severa, mas os impactos nos rios vão ser percebidos agora também em Manacapuru e depois em Manaus", disse Oliveira.

Fonte/Foto: Adneison Severiano Do G1 AM/Reprodução Rede Amazônica

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