CELPA NO MERCADO



- por Lúcio Flávio Pinto (*)

Em fevereiro deste ano a Celpa valia 5,2 bilhões de reais. Seu valor de mercado agora em maio passou para R$ 6,7 bilhões. Em fevereiro o Fundo de Investimento em Participações iniciou o leilão de 10% dos seus papeis na Bolsa de Valores de São Paulo a R$ 25,50 cada ação. Finalizou a transação, arrecadando R$ 520 milhões, a R$ 26,50.
No último dia 20, cada ação começou o pregão cotada a R$ 32 e o encerrou a R$ 33,91. O Banco PT Pactual, que controla o fundo, obteve R$ 670 milhões por outros 10% do controle acionário da concessionária estadual, cujo maior acionista, através da Equatorial Energia, passou a ser a Squadra, a mais antiga das acionistas, na empresa desde 2008, quando a dona era a Rede Engenharia. O FIP era o principal acionista (com 22% do seu capital) da Equatorial, que, por sua vez, tem 96% das ações das Celpa.
As duas operações na bolsa foram consideradas um sucesso. Em primeiro lugar, pela contínua valorização dos papeis da Celpa, que chegou a 56% em 12 meses. Também porque fundos nacionais e estrangeiros compraram ações nos leilões, naturalmente convencidos de estar fazendo um bom negócio. E tudo indica que foi.
A Celpa foi privatizada em 1988. A Rede Energia a arrematou por R$ 504 milhões, sendo R$ 388 milhões em dinheiro e R$ 116 em dívidas da antiga estatal paraense. A vizinha Cemar, concessionária de energia do Maranhão, foi vendida por R$ 447 milhões, dos quais R$ 289 milhões em dinheiro e R$ 158 milhões em assunção da dívida existente.
Em 2012 a Equatorial assumiu o controle da Celpa por um real, valor simbólico necessário para que a operação não fosse gratuita. Mas ficou com a dívida, que era calculada em R$ 2 bilhões, mas chegou a R$ 3,5 bilhões. A Equatorial conseguira recuperar a vizinha Cemar, que estava sujeita a ser reestatizada por seu péssimo desempenho depois da privatização, que a tornara a pior empresa do setor elétrico.
Os números apurados pela Comissão de Valores Imobiliários e apresentados no leilão levaram aos bons resultados. A Celpa faturou quase 100 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano contra R$ 70 milhões em igual período de 2014. Depois de um prejuízo de R$ 30 milhões no exercício anterior, lucro de R$ 35 milhões nos primeiros três meses de 2015. A empresa investiu mais e quitou suas dívidas dessa fase.
A volta da Celpa ao mercado de capitais com boa imagem é uma vitória da administração da Equatorial, que substituiu imediatamente o BTG Pactual. Significa que a empresa já pode responder muito melhor às demandas e queixas da maltratada população do Pará. Depois dos acionistas e investidores, é a vez do cliente e do cidadão, Tomara que seja assim.


 (*) Lúcio Flávio Pinto - Jornalista profissional desde 1966. Percorreu as redações de algumas das principais publicações da imprensa brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em 1988 deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal, newsletter quinzenal que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém
No jornalismo, recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos Jornalistas. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em 2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.

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