PERIQUITOS MORTOS NO AM INGERIRAM AGROTÓXICO, APONTA LAUDO DO IPAAM
Presidente do Ipaam e gerente de fauna apresentaram laudo |
Análise da UFMG não encontrou veneno de rato ou
chumbinhos em corpos.
Laudo não é conclusivo e hipótese de envenenamento não
é descartada.
O
laudo que apurou a morte de 200 periquitos em Manaus apontou que não houve uso
de veneno de ratos ou chumbinhos para matar os animais. A informação foi
divulgada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) na manhã
deste sábado (20). De acordo com o órgão, a análise não é conclusiva e deve ser
realizado um estudo mais profundo para averiguar o caso. O laudo, realizado
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indica que foram encontrados
agrotóxicos nos corpos dos animais. Os órgãos ambientais querem saber agora a
quantidade necessária destes agrotóxicos para matar os animais, para concluir
se a contaminação foi acidental.
Em
novembro, cerca de 200 pássaros da espécie brotogeres versicolurus,
mortos na Avenida Efigênio Sales, situada na Zona Centro-Sul da capital. Corpos
de 40 aves foram recolhidos, e a principal suspeita era de envenenamento.
De
acordo com o instituto, 20 espécimes recolhidos no local foram analisados. O
estudo procurou mais de 150 agrotóxicos, e foram identificados "níveis
residuais" de ciromazina, um agrotóxico comumente utilizado para matar
moscas em frutas. O Ipaam informou que a doutora Marilia Martins Melo,
responsável pela análise na UFMG, destacou que a presença deste agrotóxico pode
significar contaminação por alimento como fruta, grão ou outro produto agrícola
onde possam ter sido utilizados tais produtos.
Ainda
segundo o Ipaam, o laudo deu negativo pra uso de veneno de ratos e chumbinhos.
A UFMG se dispôs a prosseguir pesquisando outras amostras para avaliar
diferentes doenças e também a presença de metais pesados, como mercúrio, chumbo
e arsênio.
"O
laudo diz que as aves não tinham resquício de veneno de rato. De agrotóxicos
são resíduos, então são níveis que podem ser resultantes da alimentação das
aves. Precisa ser investigado se seriam capazes de matar os animais. Eles são
livres, então podem se alimentar em outros locais também, como fazendas, que
teriam esse agrotóxico", afirmou o presidente do Ipaam, Antonio Ademir
Stroski.
Como
ainda não foi identificada a quantia da substância necessária para matar os
animais, a hipótese de envenenamento proposital ainda não foi descartada. A
Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) deve continuar
as investigações do caso. "É necessário prosseguir nas investigações. O
Ipaam tem três linhas de condução: envenenamento, doença de ordem
microbiológica e o atropelamento. Ainda não dá pra estabelecemos causas, apenas
descartamos esses tipos de veneno", explicou.
"A
partir de janeiro essas linhas vão ser mais investigadas. Existe um estudo na
Universidade de Campina Grande que pode nos dar uma ideia do que causou essa
morte desses animais. O laudo não é conclusivo. A gente precisa saber com
especialistas se esses níveis de agrotóxico seriam capazes de influenciar a
morte desses animais, que são pequenos e de peso leve", destacou a gerente
de fauna do Ipaam, Sônia Canto.
O
titular do Ipaam afirmou ainda que a UFMG se comprometeu a fazer investigações
mais profundas. O órgão deve agora iniciar ações para diminuir as mortes por
atropelamento de pássaros na Avenida Efigênio Sales. "Temos o dever de dar
uma resposta e dizer o que de fato aconteceu. Temos que atribuir
responsabilidade a quem couber. Estamos adotando um manejo pra aquela área.
Temos que realizar medidas de proteção", ressaltou o presidente.
Na
manhã deste sábado (20), equipes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Sustentabilidade (Semmas) iniciaram podas das árvores do canteiro central da
via, onde os periquitos passaram a dormir quando as palmeiras do Condomínio
Efigênio Sales foram cobertas por telas. O Instituto Municipal de Engenharia e
Fiscalização do Trânsito de Manaus (Manaustrans) será consultado ainda sobre
medidas permitidas para redução de velocidade dos veículos na avenida.
Entre
as outras medidas, devem ser produzidos folhetos para serem distribuídos nos
condomínios e demais empreendimentos do entorno, instalação de painel próximo à
parada de ônibus e banner com informações importantes para a proteção do
periquito de asa branca, e fixação de placas, com orientação do Manaustrans, em
pontos estratégicos da via anunciando tratar-se de trechos que compõem área de
abrigo de ave da fauna silvestre.
Entenda o caso
Cerca de 200 periquitos foram encontrados mortos na manhã de quinta-feira (27) na Avenida Efigênio Sales, em frente ao condomínio que tem de mesmo. A suspeita é de que as aves tenham sido envenenadas. O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) apura o caso. Os pássaros foram encontrados em frente a um condomínio residencial. Há cerca de dois anos, as palmeiras imperiais do condomínio foram teladas para evitar que as aves pousassem.
Cerca de 200 periquitos foram encontrados mortos na manhã de quinta-feira (27) na Avenida Efigênio Sales, em frente ao condomínio que tem de mesmo. A suspeita é de que as aves tenham sido envenenadas. O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) apura o caso. Os pássaros foram encontrados em frente a um condomínio residencial. Há cerca de dois anos, as palmeiras imperiais do condomínio foram teladas para evitar que as aves pousassem.
Na
terça-feira (2), as telas foram retiradas da copa das árvores pelo Corpo de
Bombeiros. A medida foi adotada por exigência do Ipaam, após aves ficarem
presas no local.
Um
protesto foi organizado no último sábado (29) por Organizações Não
Governamentais (ONGs) de proteção animal, que cobram providências do poder
público sobre o caso.
Alguns dos 200 periquitos encontrados mortos passaram por
necropsia no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama). Cinco, das seis aves analisadas, apresentaram
hemorragia interna.
Segundo
um analista do órgão, o resultado não é suficiente para fechar um diagnóstico,
mas expõe indícios de que os periquitos de asa branca podem ter sofrido
intoxicação ou traumatismo.
Fonte/Foto:
Diego Toledano, do G1 AM
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