MANAUS VOLTA A SER DESTAQUE NO NOTICIÁRIO INTERNACIONAL, DESTA VEZ COM OLHAR OTIMISTA


Miami Herald, um dos mais importantes jornais diários do sul dos Estados Unidos, enviou repórter à capital amazonense para ver como a cidade-sede estava se preparando para a Copa do Mundo, em junho. O relato bem detalhado foi diferente dos publicados anteriormente por tablóides britânicos
Enquanto cidade-sede da Copa do Mundo 2014, Manaus voltou a ser notícia nos jornais internacionais neste fim de semana, desta vez no Miami Herald, mais importante jornal diário do sul da Flórida. Diferentemente dos tablóides britânicos – que aproveitaram para expor em excesso as mazelas da capital amazonense – o jornal norte-americano mostrou um lugar com enorme potencial turístico e bem preparado para receber os turistas e os quatro jogos do Mundial da Fifa, minimizando os atrasos das obras e sem citar, no texto, índices de violência ou superfaturamento.
A matéria foi publicada nas versões impressa e online do Miami Herald na última sexta-feira (11) e começa fazendo uma comparação entre o Teatro Amazonas e a Arena da Amazônia. “No final do Século 19, construir o Teatro Amazonas nessa cidade de selva durante o boom da borracha era considerado um sonho impossível. Para alguns, o equivalente deste século tem tudo para ser um elefante branco, mas torcedores esperam que a Arena não só eleve o futebol na região amazônica mas também ajude a colocar esta cidade de 1,8 milhão de habitantes no como um destino de primeira classe no turismo mundial”, resume.
Por meio de entrevistas com donos de hotéis e restaurantes, proprietários de bancas de jornais e autoridades, como o secretario de Estado de Cultura Robério Braga (identificando erroneamente no texto como “Roberto Braga”) e o general Ubiratan Poty, chefe do centro de operações do Comando Militar da Amazônia (CMA), a repórter Mimi Whitefield descreve o que a cidade tem a oferecer.
Whitefiled cita, por exemplo, a Zona Franca de Manaus e seu objetivo de tirar Manaus do isolamento, - que hoje abriga mais de 600 empresas – e a cena cultural crescente desde o início dos anos 2000. Mas a distância dos grandes centros brasileiros e a falta de estradas nacionais, com exceção da BR-174, também são apontados como fatores negativos. Mas nada ofusca, de acordo com a jornalista, a Copa do Mundo como momento oportuno para a população local lucrar financeiramente, desde lojas de souvenir e taxistas até restaurantes e aldeias indígenas.
O texto foca, lógico, no estádio multiuso construído para receber quatro jogos da competição, inclusive um dos Estados Unidos, contra a Seleção Portuguesa. Toda a trajetória do material – como os arcos metálicos portugueses e as membranas alemãs – é descrita com detalhes, assim como as três mortes de operários durante as obras, as polêmicas (como a envolvendo Roy Hodgson, treinador da Inglaterra) e os atrasos, inclusive do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes.
“Ainda á placas alertando para as obras e barulhos de construção no saguão, mas espera-se que esteja pronto a tempo. Se não estiver, pode ser o tendão de Aquiles de Manaus, já que demorou uma hora e meia para alfândega liberar os passageiros mesmo com apenas dois vôos internacionais desembarcando”, informa o texto, alertando para a importância do transporte aéreo na região, que é dominada por embarcações nos rios.
A cena fraca do futebol local também ganha destaque quando a jornalista pergunta de um entrevistado o que ele acha da situação esportiva atual. Ela explica que, segundo Roque Nobre, há esperanças do novo estádio motivar os times amazonenses e elevar o nível do jogo. Para exemplificar, ela cita os “quatro melhores times regionais”: Princesa do Solimões, Nacional, Fast Club e Rio Negro, “todos da terceira ou quarta divisão brasileira. Erro compreensivo, convenhamos.
A segurança também tem espaço reservado na matéria, principalmente no que diz respeito às manifestações – tomando as realizadas durante a Copa das Confederações, em julho de 2013, como exemplo. Novos protestos são esperados, segundo Whitefiled, já que os manauara ainda se preocupam com problemas como corrupção, serviços públicos precários e o alto custo de eventos como a Copa e a Olimpíada de 2016. Mas as autoridades estão preparadas.
“O plano é manter os manifestantes longe do entorno do estádio, e o Comando Militar da Amazônia tem um contingente de 600 homens bem armados e prontos para ações relâmpagos caso a Presidente solicite apoio á polícia local”. Atividades de Inteligência e a compra de armamentos não-letais, como balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
Apesar do texto se manter otimista, as imagens publicadas numa galeria digital disponível na matéria parecem contraditórias. Além de fotografias de pontos turísticos, entrevistados e culinária regional, as em destaque mostram a Arena da Amazônia e uma parte da cidade com muitas áreas verdes. Mas a terceira apresenta as tradicionais palafitas, com a legenda “Palafitas de Manaus ao longo do rio. Elas foram construídas para proteger do período de cheias”. Apesar de inofensiva, imagens valem mais que mil palavras.

Fonte/Foto: Victor Affonso – ACRITICA.COM/Reprodução

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